Finalizava o mês de Novembro de 1641 quando se preparava em Lisboa o primeiro número da Gazeta em que se relatam as novas todas que houve nesta Corte e que vieram de várias partes no mês de Novembro de 1641. As autorizações e taxas necessárias para a impressão datam de 3 e de 5 de Dezembro seguinte.
Este foi o primeiro periódico português, teve como seu responsável Manuel de Galhegos e foi impresso na tipografia de Lourenço de Anvers, na capital. Os números seguintes tiveram a marca tipográfica de Domingos Lopes Rosa.
A Gazeta foi de periodicidade mensal até Julho do ano seguinte, tendo saído 9 números. A partir de Outubro de 1642, reapareceu sob o título de Gazeta das Novas de Fora do Reino, com a responsabilidade de João Franco Barreto, tendo sido publicados 14 números até Agosto de 1648. O número de páginas da publicação variou entre 8 e 16, numa impressão nem sempre boa. Se o seu preço vulgar era de 6 réis (elevado para a época), certo é que houve oscilações nalguns números (entre 4 e 10 réis). Quanto à linguagem e estilo de escrita utilizados, as notícias são simples e directas, com o objectivo de haver uma apreensão rápida da mensagem. Muito embora a interrupção que a publicação sofreu em 1642 se devesse ao facto de uma lei entretanto divulgada segundo a qual as gazetas gerais seriam proibidas "em razão da pouca verdade de muitas e do mau estilo de todas elas", também é certo que talvez o excesso de verdade tenha sido a causa desta interrupção a avaliar pelo tom realista posto na descrição de certa crueldade das tropas portuguesas para com os castelhanos. Considerada o "auto-retrato da sociedade portuguesa de Seiscentos", a Gazeta inseriu-se, como escreveram Filomena Belo e Manuela Rocha, "num movimento de apoio editorial ao novo rei da Casa de Bragança" (in Claro Escuro. Lisboa: Quimera, nº 1, 1988). Daí que a propaganda do movimento da Restauração seja evidente, quer pelo enaltecimento dos valores portugueses, quer pelo desprezo dado ao poder e à imagem dos castelhanos, apresentando Portugal como país de valentes e cheio de sucessos diplomáticos, enquanto Castela é o reino dos insucessos militares, morais e económicos. Os dois mais importantes temas de notícia foram, assim, a guerra e a diplomacia, um conjunto que não admirará se se ligar à situação histórica do momento (queda do domínio filipino em Portugal, ocorrida em 1640, e desejo de afirmação do novo poder). Alexandre Herculano, ao estudar a época da Gazeta, escreveu em 1838 que "era preciso animar o povo depois daquela ousada tentativa; convinha narrar-lhe as vantagens alcançadas contra a Espanha, bem como as dificuldades em que se via envolvida aquela monarquia, e até exagerá-las", acrescentando que "o governo não achou meio nenhum mais azado a seus intentos do que lançar mão das gazetas", opinião também perfilhada por José Tengarrinha, investigador da imprensa periódica portuguesa, que, ao traçar o quadro da imprensa portuguesa do período entre 1641 e 1820, conclui: "o jornalismo entre nós nasceu eminentemente noticioso, ou seja, para dar novas, como o anunciavam a Gazeta e O Mercúrio, mas não isento de preocupações políticas, tendo as informações orientação favorável aos restauradores" (História da imprensa periódica portuguesa. Lisboa: Portugália Editora, 1965).
Logo no primeiro número da Gazeta, apareceu uma notícia relacionada com Setúbal: é que o Conde da Castanheira, preso na cidade do Sado, pediu ao rei para mudar de prisão, no que teve a concordância régia.
Este foi o primeiro periódico português, teve como seu responsável Manuel de Galhegos e foi impresso na tipografia de Lourenço de Anvers, na capital. Os números seguintes tiveram a marca tipográfica de Domingos Lopes Rosa.
A Gazeta foi de periodicidade mensal até Julho do ano seguinte, tendo saído 9 números. A partir de Outubro de 1642, reapareceu sob o título de Gazeta das Novas de Fora do Reino, com a responsabilidade de João Franco Barreto, tendo sido publicados 14 números até Agosto de 1648. O número de páginas da publicação variou entre 8 e 16, numa impressão nem sempre boa. Se o seu preço vulgar era de 6 réis (elevado para a época), certo é que houve oscilações nalguns números (entre 4 e 10 réis). Quanto à linguagem e estilo de escrita utilizados, as notícias são simples e directas, com o objectivo de haver uma apreensão rápida da mensagem. Muito embora a interrupção que a publicação sofreu em 1642 se devesse ao facto de uma lei entretanto divulgada segundo a qual as gazetas gerais seriam proibidas "em razão da pouca verdade de muitas e do mau estilo de todas elas", também é certo que talvez o excesso de verdade tenha sido a causa desta interrupção a avaliar pelo tom realista posto na descrição de certa crueldade das tropas portuguesas para com os castelhanos. Considerada o "auto-retrato da sociedade portuguesa de Seiscentos", a Gazeta inseriu-se, como escreveram Filomena Belo e Manuela Rocha, "num movimento de apoio editorial ao novo rei da Casa de Bragança" (in Claro Escuro. Lisboa: Quimera, nº 1, 1988). Daí que a propaganda do movimento da Restauração seja evidente, quer pelo enaltecimento dos valores portugueses, quer pelo desprezo dado ao poder e à imagem dos castelhanos, apresentando Portugal como país de valentes e cheio de sucessos diplomáticos, enquanto Castela é o reino dos insucessos militares, morais e económicos. Os dois mais importantes temas de notícia foram, assim, a guerra e a diplomacia, um conjunto que não admirará se se ligar à situação histórica do momento (queda do domínio filipino em Portugal, ocorrida em 1640, e desejo de afirmação do novo poder). Alexandre Herculano, ao estudar a época da Gazeta, escreveu em 1838 que "era preciso animar o povo depois daquela ousada tentativa; convinha narrar-lhe as vantagens alcançadas contra a Espanha, bem como as dificuldades em que se via envolvida aquela monarquia, e até exagerá-las", acrescentando que "o governo não achou meio nenhum mais azado a seus intentos do que lançar mão das gazetas", opinião também perfilhada por José Tengarrinha, investigador da imprensa periódica portuguesa, que, ao traçar o quadro da imprensa portuguesa do período entre 1641 e 1820, conclui: "o jornalismo entre nós nasceu eminentemente noticioso, ou seja, para dar novas, como o anunciavam a Gazeta e O Mercúrio, mas não isento de preocupações políticas, tendo as informações orientação favorável aos restauradores" (História da imprensa periódica portuguesa. Lisboa: Portugália Editora, 1965).
Logo no primeiro número da Gazeta, apareceu uma notícia relacionada com Setúbal: é que o Conde da Castanheira, preso na cidade do Sado, pediu ao rei para mudar de prisão, no que teve a concordância régia.
A notícia é logo a segunda do conjunto e a sua linguagem sugere a magnanimidade do rei, num retrato favorável ao governante e à monarquia portuguesa.
Em 1999, houve uma edição facsimilada do número inaugural da Gazeta (Lisboa: Manuel Gomes).
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