A manifestação de professores que ontem teve lugar em Lisboa resultou do esforço de 120 mil vontades e de muitas outras que se lhe agregaram, apesar de não estarem presentes, acredito. Todos sabiam o que estavam a fazer, porque não senti que tivesse havido pressão nas escolas para a participação ser obrigatória. É por isso que não compreendo o tom dogmático que a Ministra da Educação usou na entrevista num telejornal, à hora em que a manifestação ainda decorria, apontando para as imagens e chamando “chantagem” à manifestação, uma “chantagem” sobre as escolas, dizia. Que a Ministra, enquanto política, não queira alterar o rumo da sua política por uma manifestação… esse é um problema seu e do seu governo; que a Ministra apelide de “chantagem” o exercício de um direito e o direito à indignação… isso é lamentável.
A segunda observação, relacionada com a mesma entrevista, é a da simplicidade do processo de avaliação que a Ministra da Educação quis propagandear perante as câmaras, dizendo que "neste momento, a única coisa que se exige é o simples preenchimento de uma ficha”, que “se há reuniões a mais, não são reuniões impostas pelo Ministério da Educação" e que essas reuniões indiciariam uma "má organização de trabalho” que “deve ser corrigida nas escolas". Ora, todos sabemos que não é assim e que o tal “preenchimento de uma ficha” não é uma questão de somenos – é uma ficha de objectivos individuais, que se tem de prestar a ser contabilizada para verificação do grau de (in)cumprimento no final, que tem implicações na avaliação de um docente. Todos sabemos também que, além desta, há outras fichas indispensáveis para esta “kafkanização” do processo, que devem conter itens para a observação das aulas, que não podem deixar margens para dúvidas numa avaliação que se pretende rigorosa e sem injustiças. Se todas estas fichas são necessárias ou não, essa é outra questão, que só se resolve quando o processo for pensado mais com o sentido da autonomia ou do profissionalismo do que com o senso da administração e da burocracia. Por outro lado, esta história da quantidade de reuniões e de tempo gasto no processo de avaliação não surgiu ontem; vem já desde o momento em que as escolas tiveram que começar a pensar a avaliação nestes termos. Assim, porque vem agora este comentário do trabalho “mal organizado”? Onde está a simplicidade deste processo que ainda ninguém (a) viu?
A segunda observação, relacionada com a mesma entrevista, é a da simplicidade do processo de avaliação que a Ministra da Educação quis propagandear perante as câmaras, dizendo que "neste momento, a única coisa que se exige é o simples preenchimento de uma ficha”, que “se há reuniões a mais, não são reuniões impostas pelo Ministério da Educação" e que essas reuniões indiciariam uma "má organização de trabalho” que “deve ser corrigida nas escolas". Ora, todos sabemos que não é assim e que o tal “preenchimento de uma ficha” não é uma questão de somenos – é uma ficha de objectivos individuais, que se tem de prestar a ser contabilizada para verificação do grau de (in)cumprimento no final, que tem implicações na avaliação de um docente. Todos sabemos também que, além desta, há outras fichas indispensáveis para esta “kafkanização” do processo, que devem conter itens para a observação das aulas, que não podem deixar margens para dúvidas numa avaliação que se pretende rigorosa e sem injustiças. Se todas estas fichas são necessárias ou não, essa é outra questão, que só se resolve quando o processo for pensado mais com o sentido da autonomia ou do profissionalismo do que com o senso da administração e da burocracia. Por outro lado, esta história da quantidade de reuniões e de tempo gasto no processo de avaliação não surgiu ontem; vem já desde o momento em que as escolas tiveram que começar a pensar a avaliação nestes termos. Assim, porque vem agora este comentário do trabalho “mal organizado”? Onde está a simplicidade deste processo que ainda ninguém (a) viu?
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