No Público de hoje, Vasco Pulido Valente escreve sobre "A casa de Santa Comba Dão", pensando sobre a criação do Museu Salazar que tem gerado controvérsia entre a autarquia local, que o quer instituir, e a esquerda, que fomentou um abaixo-assinado, contestando a sua criação, recentemente entregue na Assembleia da República. Diz VPV: «Santa Comba Dão quer agora fazer "um museu" da casa de Salazar. O que se compreende muito bem. Tanto quanto sei, só a casa de Salazar pode atrair a Santa Comba Dão um ocasional turista; e o "museu" fica por uns potes de cal e uma limpeza. Com sorte, o café da terra, se existir, ganha algum dinheiro e aparece um espertalhão a vender "relíquias". Tudo isto é inofensivo e um pouco patético. Mas bastou para provocar a indignação da velha esquerda pliocénica, que nem sempre se distinguiu pelo ardor democrático. Um abaixo-assinado, entregue solenemente na Assembleia da República, pede que se proíba o "museu", como se o "museu" fosse uma espécie de reabilitação de Salazar e o salazarismo ameaçasse ressurgir do Vimieiro a um euro e meio por bilhete. Não ocorre a ninguém que de Santa Comba Dão nunca virá um culto de Salazar como o culto (aliás, ridículo) de Mussolini em Predappio. Ao neo-salazarismo faltam as forças que provocaram e criaram o salazarismo (…). Salazar é um homem do passado remoto. De um passado irreconhecível. O negócio de Santa Comba Dão com a casa do homem é irrelevante para a cultura política do regime. E talvez não seja para Santa Comba Dão. Os censores da consciência nacional deviam, de preferência, olhar para eles.»
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