No Diário de Notícias de hoje, Pedro Lomba faz crónica sobre o sucesso. Trago para aqui o final, porque contém um desafio: é que o sucesso... nem sempre é o que parece!
"(...) O sucesso não é condição suficiente para se ser uma "pessoa de sucesso". "As pessoas de sucesso" falam um código próprio, usam uma linguagem reconhecível, demonstram uma atitude. Para sermos reconhecidos como "pessoas de sucesso", precisamos de conviver com outras "pessoas de sucesso". A primeira decisão de uma "pessoa de sucesso" é livrar-se de todos os desgraçados à sua volta. Depois, "a pessoa de sucesso" fala abundantemente do seu sucesso, de como o merece e de como nada do que lhe aconteceu foi por acaso. E, muito importante, sempre que pode, "a pessoa de sucesso" escancara na cara dos outros esse estatuto. São um perigo estas "pessoas de sucesso". Uma má influência para as crianças que podem querer nos seus sonhos ser uma "pessoa de sucesso". Vivem em pose permanente. Desprezam quem presumem abaixo deles.
O psicanalista britânico Adam Philips escreveu uma vez, no seu estilo obscuro, que o "sucesso na terapia pode significar falhanço na universidade". O que acho que isto quer dizer é que as "pessoas de sucesso" numas áreas podem ser "pessoas de insucesso" noutras e que a sua satisfação, por isso, acaba por ser fútil e compensatória. E que estamos sempre tão perto do falhanço em tudo o que fazemos que devíamos pensar que o sucesso, por melhor que seja, não é bem o que parece."
E anda a gente a ouvir falar sobre sucesso todos os dias e a ser empurrada para o sucesso, como se isso fosse a coisa mais maravilhosa do mundo, como se todos tivéssemos que nos vergar ao dito deus!...
Sem comentários:
Enviar um comentário