No Público de ontem, houve reportagem sobre os professores recentemente premiados pelo Ministério da Educação, momento interessante porquanto a educação foi encarada positivamente, relatando coisas interessantes que estes - como muitos outros - professores fazem. A completar o ramalhete das prosas, inteiramente justificadas (quer pelo evento, quer pela necessidade de a auto-estima da escola portuguesa e dos professores carecer de um retrato diferente daquele que, cheio de cargas negativas, tem sido trnsmitido), um texto intitulado "Como ser o professor ideal", assinado pela jornalista Isabel Leiria, recolhe pistas que são tentativas de definição do ideal nesta profissão docente. Ei-las, com a respectiva autoria:
- Isabel Rocha, Escola Superior de Educação de Leiria: "Um professor não se pode acomodar. Tem de investir no seu conhecimento e sentir sempre alguma insatisfação com o seu trabalho. No final do dia, não basta pensar se deu toda a matéria. É preciso ver o que os alunos aprenderam."
- Lucília Salgado, Escola Superior de Educação de Coimbra: "Um bom professor é aquele que em todas as situações, das mais adversas às mais facilitadas, consegue envolver-se na aprendizagem dos alunos." O problema, diz, é que há toda uma "pedagogia burocrática" que dificulta o que deveria ser uma tarefa basilar. "O professor tem de dar o programa, ninguém lhe diz que tem de ensinar. Há muitos que chegam à escola, sumariam as matérias, cumprem as regras e não se envolvem na aprendizagem. Se há estudantes que têm problemas, continua-se a dar o programa na mesma, como se estivessem todos no mesmo nível. Há um discurso instalado que diz que se os alunos não aprendem é porque a culpa vem de trás. O bom professor é aquele que contraria isto, muitas vezes à revelia dos colegas e da administração da escola."
- Daniel Sampaio, presidente do júri do Prémio Nacional de Professores: ao professor de hoje exige-se mais do que "instruir". "Tem de servir de exemplo, fomentar o reconhecimento do outro, lutar contra a discriminação, ajudar a compreender o mundo. Tem de trabalhar com alunos e em equipa com outros professores."
- Joaquim Azevedo, Universidade Católica do Porto: "A sociedade e os governantes não podem desautorizá-los [aos professores] todos os dias e tomar os que não cumprem como a norma da profissão. Quatro professores receberam um prémio especial." Falta, diz, "apoiar muito mais e melhor" quem faz bem e penalizar "quem não se dedica e brinca com a profissão".
- Lucília Salgado, Escola Superior de Educação de Coimbra: "Um bom professor é aquele que em todas as situações, das mais adversas às mais facilitadas, consegue envolver-se na aprendizagem dos alunos." O problema, diz, é que há toda uma "pedagogia burocrática" que dificulta o que deveria ser uma tarefa basilar. "O professor tem de dar o programa, ninguém lhe diz que tem de ensinar. Há muitos que chegam à escola, sumariam as matérias, cumprem as regras e não se envolvem na aprendizagem. Se há estudantes que têm problemas, continua-se a dar o programa na mesma, como se estivessem todos no mesmo nível. Há um discurso instalado que diz que se os alunos não aprendem é porque a culpa vem de trás. O bom professor é aquele que contraria isto, muitas vezes à revelia dos colegas e da administração da escola."
- Daniel Sampaio, presidente do júri do Prémio Nacional de Professores: ao professor de hoje exige-se mais do que "instruir". "Tem de servir de exemplo, fomentar o reconhecimento do outro, lutar contra a discriminação, ajudar a compreender o mundo. Tem de trabalhar com alunos e em equipa com outros professores."
- Joaquim Azevedo, Universidade Católica do Porto: "A sociedade e os governantes não podem desautorizá-los [aos professores] todos os dias e tomar os que não cumprem como a norma da profissão. Quatro professores receberam um prémio especial." Falta, diz, "apoiar muito mais e melhor" quem faz bem e penalizar "quem não se dedica e brinca com a profissão".
Acrescento mais uma, de Sebastião da Gama, registada no seu Diário, em 12 de Janeiro de 1949, no seu segundo dia de estágio, citando uma conversa tida com os alunos: "Não sou, junto de vós, mais do que um camarada um bocadinho mais velho. Sei coisas que vocês não sabem, do mesmo modo que vocês sabem coisas que eu não sei ou já me esqueci. Estou aqui para ensinar umas e aprender outras. Ensinar, não: falar delas. Aqui e no pátio e na rua e no vapor e no comboio e no jardim e onde quer que nos encontremos."
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