No Público de hoje, José Pacheco Pereira escreve "Uma história de dois museus", tomando como objecto o Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, e o pensado e controverso Museu Salazar, em Santa Comba Dão. Eis o final da reflexão de Pacheco Pereira: "O Museu Salazar desejado em Santa Comba Dão é uma má política de valorização da autarquia, que ganhava muito mais em preservar esses bens e a casa de Salazar e tentar integrá-los num tratamento histórico e científico distanciado. Ou será que a autarquia se pensa a si própria no "espírito" de pobreza do seu homenageado? Quererá o mesmo país pobre e rural, atrasado e limpinho, com altas taxas de analfabetismo e de mortalidade infantil e toneladas de ouro no Banco de Portugal, que Salazar preferia aos riscos da revolução social que significava a industrialização e o "progresso"? Seguirá o senhor presidente da câmara o exemplo austero de Salazar e porá uma mantinha nos seus joelhos e dos vereadores para poupar à autarquia umas despesas suplementares desnecessárias? Que mal tem a mantinha se o dinheiro poupado dá para um fontanário? Se Santa Comba Dão se pretende valorizar como terra de futuro pelo culto de Salazar, dá de si uma péssima imagem, como daria a sua congénere de Vila Franca de Xira se se ficasse pela nostalgia dos meninos dos esteiros e dos trolhas de Pomar. Pensem nisso."
[foto: casa de Salazar em Vimieiro (Santa Comba Dão)]
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