sábado, 24 de novembro de 2007

Maurício Costa homenageado em Setúbal

A Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão (LASA) vai promover uma homenagem ao Professor Maurício Costa, que foi seu Presidente da Direcção, nos dias 28 de Novembro e 1 de Dezembro, com o seguinte programa:
28 de Novembro (Aniversário da LASA): 09h30 – Romagem ao cemitério da Nossa Senhora da Piedade (Setúbal) // 10h30 – Descerrar de placa de rua atribuída pela autarquia em homenagem ao Professor. // 16h00 – Inauguração da nova sede da LASA.
01 de Dezembro: 14h30 – Homenagem na Serra da Arrábida (miradouro da Serra do Arremula), com intervenção do Núcleo da Poesia da LASA // Deposição na serra da Arrábida de um ramo confeccionado com flores da Arrábida // Cerimónia de Plantação de uma espécie autóctone da serra. // 18h30 - ENCONTRO EVOCATIVO (Salão Nobre dos Paços do Concelho) - Projecção de filme/imagens da vida e obra do professor Maurício Costa // 1.ª intervenção: O HOMEM (Pessoal/Familiar/Amigos) // 2.ª Intervenção: O PROFESSOR // 3.ª Intervenção: O CIDADÃO – Associativismo, Ambiente, Património, Causas, Projecção de diapositivos/vídeo, Momento musical, Escrita de livro para edição “In memoriam”.
António Maurício Pinto da Costa nasceu em 20 de Outubro de 1931 na freguesia de Matriz, em Montemor-o-Novo. Filho de António Maurício da Costa Júnior e de Regina Gonçalves Pinto da Costa, cedo veio para Setúbal, cidade onde fez os estudos liceais e onde viria a fixar-se. Foi, aliás, a Setúbal que sempre ficou ligado, devendo-se o seu nascimento em terras de Montemor-o-Novo, assim como a sua mudança para Setúbal, à situação ocasional do emprego paterno como quadro da CP.
Em 1958, Maurício Costa, depois de um percurso em que conheceu José Hermano Saraiva, Fernando Catarino e Galopim de Carvalho, completava a licenciatura em Ciências Biológicas na Faculdade de Ciências de Lisboa, título que lhe garantiu a entrada no ensino como professor eventual, no então Liceu Nacional de Setúbal, aí ocupando o lugar entre os anos lectivos de 1958/59 e de 1962/63. Neste ano lectivo, em Dezembro, entrou no Liceu Pedro Nunes, em Lisboa, como estagiário, até final do ano lectivo seguinte, período em que foi professor de Marcelo Rebelo de Sousa. Voltou ao Liceu Nacional de Setúbal como professor agregado em 1964/65, aí leccionando até 1969/70, ano em que passou a professor efectivo.

Foi colocado no Liceu Nacional de Portimão no ano lectivo de 1970/71, mas, em Outubro de 1970, foi nomeado Director da Escola Preparatória de Bocage, em Setúbal, estabelecimento de ensino que dirigiu até 1974. Entretanto, o seu vínculo ao ensino tinha passado de Portimão para o Liceu Nacional do Barreiro no ano lectivo de 1971/72, aí tendo leccionado em 1974/75. No ano lectivo seguinte (1975/76), regressou ao Liceu Nacional de Setúbal (Escola Secundária de Bocage desde 1980/81), onde leccionou até à aposentação, em 1 de Novembro de 1993.
Enquanto professor, para além da actividade lectiva (em que foi paladino da experimentação), exerceu funções como Director de Instalações, Delegado de Disciplina, Orientador de Estágio, Director de Escola e no âmbito da Formação de Professores. Foi co-autor dos programas da disciplina de Biologia de 10º e de 12º ano que entraram em vigor a partir de 1982/83. Foi ainda na condição de professor que assumiu a assessoria da educação da Governadora Civil de Setúbal Irene Aleixo, que exerceu funções no Conselho Nacional do SINDEP (Sindicato Democrático dos Professores) e que integrou a equipa inicial do Pólo Universitário de Setúbal da Dinensino (criado no ano lectivo de 1990/91).
Ligado ao movimento associativo (Associação de Solidariedade Social dos Professores, Centro de Estudos Bocageanos, Misericórdia de Setúbal, Liga dos Amigos do Jardim Botânico), fez parte dos órgãos sociais de várias instituições e interveio em várias estruturas locais (Direcção do Clube Setubalense e da Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão, órgãos locais do Partido Social-Democrata, Assembleia-Geral da Sociedade Musical Capricho Setubalense e do POLIS de Setúbal, membro da Comissão de Acompanhamento da Secil). Nos últimos anos, com intervenções na comunicação social regional e nacional, o seu nome esteve ligado a acções de carácter local como a conservação do geo-monumento da Pedra Furada, a criação do “Concurso Literário Manuel Maria Barbosa du Bocage” (em 1999, no âmbito das acções da LASA), a tomada de posição de cidadãos contra a co-incineração no Outão (desde 2000, data em que integrou o movimento “Cidadãos pela Arrábida”) ou a recuperação do Convento de Jesus (2005, ano em que foi um dos co-promotores de um abaixo-assinado que recolheu oito mil assinaturas e foi entregue na Assembleia da República).
Maurício Costa faleceu em 27 de Fevereiro de 2006, pouco tempo depois de lhe ter sido detectada doença grave e numa altura em que, com mais insistência, recomeçou a ser falada a hipótese de co-incineração no Outão. Em 8 de Março seguinte, em sessão pública da Câmara Municipal de Setúbal, foi aprovado voto de pesar pela morte de Maurício Costa, considerado “personalidade constantemente mobilizadora de vontades na defesa dos interesses do concelho de Setúbal” e “detentor de uma sólida cultura participativa”.
[foto: "sítio" da LASA]

5 comentários:

Anónimo disse...

João, passe por aqui: http://curte-se.blogspot.com/2007/11/regenerado.html. Provavelmente não sabia.
Cumprimentos.

João Reis Ribeiro disse...

Meu Caro Paulo Curto:
Sei que Maurício Costa não gerou unanimidade. Sei que há quem o não tenha apreciado, assim como sei que há quem dele tenha uma opinião diferente. Uma nota biográfica dá conta da obra feita. O que eu penso dele, no tempo em que o conheci e com ele convivi, numa situação diferente da sua, di-lo-ei muito sumariamente no "Diário da Auto-Estima" no "Correio de Setúbal" de amanhã, texto que publicarei também aqui no blog. Obrigado pela sua colaboração. Abraço.

Anónimo disse...

Caro João:
Entenda que não pretendi demovê-lo das considerações positivas da sua crónica. Como saberá eu não podia imaginar ser esse o tema para hoje. Foi claramente "coincidência pura" – negreiro trocadilho de Almada.
Também não pretendi que fosse "propriamente" uma colaboração. É um relato autêntico, crú, da vivência com o protagonista.
A avaliar pelos comentários ao meu texto, não sou caso único de memória viva.
Um abraço

João Reis Ribeiro disse...

Caro Paulo:
Quando agradeci a colaboração, fi-lo porque a memória também é construída com a pluralidade dos retratos. E respeito as memórias de cada um. Os retratos traçados no seu blog coincidem com outros que já ouvi. Não os contesto, obviamente; apenas sei que existem várias facetas. Neste caso, alheio a qualquer grupo, limito-me a um testemunho, que não é melhor do que outros; é apenas um.
Abraço.

Anónimo disse...

Plurifacetado. Os professores do Movimento da Moderna de então são portadores de histórias dignificantes.