sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Máximas em mínimas (12)

Multidão
Uma multidão é sempre estúpida, torna-se ameaçadora, comprime cada vez mais (…). Uma multidão, o que é?, não é nada, indivíduos inofensivos se lhes falarmos olhos nos olhos. Mas todos juntos, quase colados uns aos outros, no odor dos corpos, da transpiração, dos hálitos, de rostos espantados, à espreita da mais leve palavra, certa ou errada, transforma-se em dinamite, numa máquina infernal, numa marmita fumegante prestes a explodir se alguém lhe tocar.
Philippe Claudel, Les âmes grises, 2003 (trad. port.: Almas Cinzentas, 2004)

1 comentário:

Joao Augusto Aldeia disse...

É verdade que uma multidão tem um comportamento uma psicologia próprias, diferentes da média ou da soma dos indivíduos qu a compõem. Esse facto, tal como acontece com os indivíduos isoladamente, tanto de se traduz em comportamentos éticamente critcáveis como em magníficas epopeias. No entanto, há esta tendência romântica para idolatrar o indivíduo agindo individualmente ("pela sua própria cabeça") e para demonizar o comportamento colectivo ("seguindo o rebanho"), como se ambos os comportamentos não fossem inerentemente e profundamente humanos.