quarta-feira, 16 de julho de 2008

Marcelo Rebelo de Sousa em entrevista

A revista Magazine - Grande Informação alusiva aos meses de Julho-Agosto (nº 24) contém entrevista com Marcelo Rebelo de Sousa, que, em jeito rápido, responde às perguntas, mantendo o estilo que lhe conhecemos do seu programa semanal de comentador ou dos seus escritos de análise. Eis alguns excertos. onde se nota a valorização do saber, a crítica directa, a preocupação com a educação, a força da auto-imagem, a ausência de complexos na política:
«(...) Se não fosse português, gostaria de ser o quê? Português. Só em terceiro lugar moçambicano. E em quarto brasileiro. Sempre lusófono.
Quais as semelhanças entre Salazar e Cunhal? Tinham ideais, lutavam por eles e essa luta persistente, teimosa, obstinada deixava a sensação de os fins legitimarem os meios. (…)
Qual a notícia que gostaria de ver a abrir o próximo telejornal? Último relatório de PISA dá a educação portuguesa a subir, em qualidade, para um dos cinco primeiros lugares da OCDE. (…)
Acha que os políticos em Portugal são mal pagos? Há-os bem demais. E há-os mal demais. Mas, em geral, deveriam ter estatuto correspondente às suas responsabilidades. E também responsabilidade bem maior do que a que se lhes exige. (…)
Parece-lhe que o processo Casa Pia irá morrer na praia? Que morrerá tarde, parece óbvio. Quando poucos se lembrarão já do início. Se, além disso, for na praia, que desprestígio para a Justiça portuguesa!
Pensa que o comum dos mortais tem razões para confiar nos nossos tribunais? Em termos de celeridade da Justiça, não. Em termos de Justiça no conteúdo das decisões, sim. Ainda. Apesar de denas evitáveis (e lamentáveis) de protagonismos excessivos ou de querelas entre os hoje (mal) chamados operadores judiciários. (…)
Acha-se com capacidade para um dia ser Presidente da República? Capacidade, sim. Condições objectivas, veremos. É uma hipótese possível. Não é uma inevitabilidade. E muito menos uma obsessão. A vida não acaba nem começa em Belém. Para o mal e para o bem. Para o mal – a recandidatura de Mário Soares. Para o bem – a sua pedagogia da Europa, os cargos internacionais de Jorge Sampaio e, mais singularmente, o doutoramento de Ramalho Eanes. (...)»

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