O segundo dia de férias deu-me a possibilidade de fazer uma coisa que vinha a ser sucessivamente adiada: visitar a exposição sobre José Saramago, no Palácio Nacional da Ajuda, produzida pela Fundação César Manrique. Assim, numa ida a Lisboa, depois de resolver compromisso já assumido, rumei com o filho para a Ajuda, na mira de uma "Consistência dos Sonhos", que assim se intitula a exposição. Havia também a ajudar o facto de esta mostra estar quase no seu termo, que sucederá em 27 deste mês...
Gostei. Pudemos ver demoradamente, saboreando o tempo e os instantes, degustando a história de um português que se fez escritor e se fez Nobel. Histórias de livros, de relações culturais, de trajectos, de uma vida. História em retrospectiva de uma formação literária e de um homem que, num dia de 1994, escreveu: "O meu compromisso é com o meu tempo". Muitos manuscritos, muitos dactiloscritos, muitos livros, muita documentação do que é tornar-se escritor; obras inéditas, algumas incompletas, entre as crónicas e os poemas, entre as cartas e o teatro, entre o romance e a intervenção, entre os apontamentos e as provas revistas, entre a investigação para a escrita e a tradução.
Indispensável. Pelo menos, indispensável. E, no final, se se quiser trazer para casa um pouco do que foi a sensação experimentada na visita, há possibilidades de compras - de livros, obviamente, mas também de outros registos. Como elemento bibliográfico saramaguiano, é de todo útil o documento resultante desta exposição, redigido por Fernando Gómez Aguilera - José Saramago: A consistência dos sonhos - Cronobiografia (Lisboa: Caminho, 2008). É uma outra maneira de ler Saramago. E de vermos a sua obra.
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