Os faróis voltaram a ser tema numa emissão filatélica dos CTT (em circulação desde 19 de Junho), depois de, em 1987, já o terem sido a partir de desenhos de Maluda. Desta vez, a série é constituída por doze selos, com outros tantos faróis portugueses, sendo 10 do Continente (Montedor, Leça, Penedo da Saudade, Esposende, Santa Marta, Cabo Espichel, Cabo da Roca, Bugio, Cabo Sardão e Cabo de São Vicente), um da Madeira (Ponta do Pargo) e outro dos Açores (Arnel), em desenhos do atelier Acácio Santos / Hélder Soares.
O farol do Cabo Espichel, na zona de Sesimbra, tem construção datada de 1790, com reformulações várias ao longo dos séculos XIX e XX. Com uma altura de 32 metros, o farol tem um alcance de 26 milhas. Em escrito de 1872, Francisco Maria Pereira da Silva apresentou-o desta forma: “A luz deste farol é fixa e branca produzida por dezassete candeeiros de Argand com reflectores parabólicos, distribuídos na respectiva árvore em três ordens horizontais, formando um sector iluminado de 260º, com seis candeeiros na primeira ordem, cinco na segunda e seis na terceira, tendo um alcance de 13 milhas. A lanterna que abriga o aparelho tem 6,80 m de altura com seis faces de 1,30 m cada uma de largo. A cúpula tem uma chaminé no vértice que dá suficiente tiragem ao fumo; mas faltam-lhe em roda tubos para a ventilação e não tem pára-raios. O edifício em que assenta a lanterna é uma torre hexagonal formada de três corpos construídos de grossas paredes de alvenaria (…) A altura de todo o edifício, desde a base da torre até ao vértice da lanterna, é de 30,7 metros. (…) Para o serviço deste farol há só um faroleiro, que tem um homem a quem paga para o coadjuvar, o que bem mostra a necessidade de haver ali mais outro faroleiro para se alternarem naquele serviço, principalmente de noite.”
Na pagela que acompanha esta série, escreve J. Teixeira de Aguilar [também ele autor de uma obra como Onde a terra acaba – História dos faróis portugueses (Pandora, 2005)] que, “diferentemente do que sucede com os mareantes, que neles vêem sobretudo uma ajuda à navegação, os faróis são para o observador desinteressado ou ocasional uma fonte de mistério, que facilmente convoca toda a espécie de mitos e lendas”. Com efeito, o viajante sabe que onde há um farol há uma paisagem para deslumbrar, seja por aquela noção de que se chegou ao fim de uma linha, seja porque a costa se apresenta agressiva na sua natureza, seja porque a nossa imaginação se refugia na solidão e no silêncio deste ponto em que a terra acaba… O Cabo Espichel e o seu farol já foram, de resto, cenário privilegiado para uma história de mistério destinada ao público juvenil, quando Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada resolveram escrever Uma aventura na falésia (Lisboa: Caminho, 1983). Suscitando a aventura ou o mistério ou não, continua Aguilar, “a verdade é que se trata de construções humanas, cuja vida foi desde o início votada a preservar a de quem anda no mar – ontem por necessidade apenas, hoje também por prazer.”
O farol do Cabo Espichel, na zona de Sesimbra, tem construção datada de 1790, com reformulações várias ao longo dos séculos XIX e XX. Com uma altura de 32 metros, o farol tem um alcance de 26 milhas. Em escrito de 1872, Francisco Maria Pereira da Silva apresentou-o desta forma: “A luz deste farol é fixa e branca produzida por dezassete candeeiros de Argand com reflectores parabólicos, distribuídos na respectiva árvore em três ordens horizontais, formando um sector iluminado de 260º, com seis candeeiros na primeira ordem, cinco na segunda e seis na terceira, tendo um alcance de 13 milhas. A lanterna que abriga o aparelho tem 6,80 m de altura com seis faces de 1,30 m cada uma de largo. A cúpula tem uma chaminé no vértice que dá suficiente tiragem ao fumo; mas faltam-lhe em roda tubos para a ventilação e não tem pára-raios. O edifício em que assenta a lanterna é uma torre hexagonal formada de três corpos construídos de grossas paredes de alvenaria (…) A altura de todo o edifício, desde a base da torre até ao vértice da lanterna, é de 30,7 metros. (…) Para o serviço deste farol há só um faroleiro, que tem um homem a quem paga para o coadjuvar, o que bem mostra a necessidade de haver ali mais outro faroleiro para se alternarem naquele serviço, principalmente de noite.”
Na pagela que acompanha esta série, escreve J. Teixeira de Aguilar [também ele autor de uma obra como Onde a terra acaba – História dos faróis portugueses (Pandora, 2005)] que, “diferentemente do que sucede com os mareantes, que neles vêem sobretudo uma ajuda à navegação, os faróis são para o observador desinteressado ou ocasional uma fonte de mistério, que facilmente convoca toda a espécie de mitos e lendas”. Com efeito, o viajante sabe que onde há um farol há uma paisagem para deslumbrar, seja por aquela noção de que se chegou ao fim de uma linha, seja porque a costa se apresenta agressiva na sua natureza, seja porque a nossa imaginação se refugia na solidão e no silêncio deste ponto em que a terra acaba… O Cabo Espichel e o seu farol já foram, de resto, cenário privilegiado para uma história de mistério destinada ao público juvenil, quando Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada resolveram escrever Uma aventura na falésia (Lisboa: Caminho, 1983). Suscitando a aventura ou o mistério ou não, continua Aguilar, “a verdade é que se trata de construções humanas, cuja vida foi desde o início votada a preservar a de quem anda no mar – ontem por necessidade apenas, hoje também por prazer.”
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