O último livro de poesia de Manuel Alegre intitula-se Sete partidas (Lisboa: Edições Nelson de Matos) e apresenta-se como um poema dividido em doze partes, cujo título é sugerido pela figura que acompanha todo o poema – o infante D. Pedro (1393-1449), filho de D. João I, homem culto e viajado, que ficou conhecido com o epíteto de “Príncipe das Sete Partidas”.
O texto enuncia situações motivadoras para a escrita de um poema, aí funcionando como justificação para o próprio acto de poetar e de escrever – “pode escrever-se um poema quando as águas / irrompem no caderno e as montanhas se abrem / e do outro lado subitamente aparece // o país que não há”.
A poesia aparece, pois, como a (re)invenção do mundo, mas apresenta-se também como momento de reflexão ou de paragem num percurso. São vários os instantes em que é sugerida uma alteração de rumo – “O poema escreve-se nessa razão misteriosa que leva o Infante a retirar-se / sem saber ou talvez sabendo que ao fazê-lo está / a retirar-se da própria História e a permitir / que sejam outros a fazê-la e a escrevê-la” ou “Chega um tempo em que um homem se interroga / sobre o último sentido ou o sem sentido / o como o quê o para quê e o para onde / um tempo de balanço em que se mede / o vivido e o não vivido.”
O infante D. Pedro é um pretexto e o poema oscila entre a história dessa figura e o tempo de agora, em que o poeta é protagonista também – “eu sei que no mais fundo de mim / por entre pedras provocações insultos / enquanto D. Pedro avança eles atacam / às 20 em ponto na TV. E o poema escreve-se / no dia adverso como um sol inverso.” É, aliás, este indicador de contemporaneidade, aliado a outros (um tratado da Europa em Lisboa, por exemplo), que permite uma leitura deste poema sob a marca da escrita autobiográfica, acentuada em versos como estes, onde o poeta faz coincidir a data de escrita com a data de aniversário de Manuel Alegre: “O poema escreve-se (…) / por dentro / de nós mesmos neste 12 de Maio de 2008 / com tanta carta redigida e ainda não cumprida / tanta História já feita e ainda por fazer / e uma vida já longa na tão curta vida.”
Um poema abre, pois, outras saídas, outros paraísos, formas de dizer e de viver, partidas que existem também para o interior do poeta – “Há sempre outra cidade só na alma / um mar onde só chega o pensamento / um saber como Sócrates que se não sabe / senão que não se sabe e tudo passa / e só nesse passar é que se sabe.”
O texto enuncia situações motivadoras para a escrita de um poema, aí funcionando como justificação para o próprio acto de poetar e de escrever – “pode escrever-se um poema quando as águas / irrompem no caderno e as montanhas se abrem / e do outro lado subitamente aparece // o país que não há”.
A poesia aparece, pois, como a (re)invenção do mundo, mas apresenta-se também como momento de reflexão ou de paragem num percurso. São vários os instantes em que é sugerida uma alteração de rumo – “O poema escreve-se nessa razão misteriosa que leva o Infante a retirar-se / sem saber ou talvez sabendo que ao fazê-lo está / a retirar-se da própria História e a permitir / que sejam outros a fazê-la e a escrevê-la” ou “Chega um tempo em que um homem se interroga / sobre o último sentido ou o sem sentido / o como o quê o para quê e o para onde / um tempo de balanço em que se mede / o vivido e o não vivido.”
O infante D. Pedro é um pretexto e o poema oscila entre a história dessa figura e o tempo de agora, em que o poeta é protagonista também – “eu sei que no mais fundo de mim / por entre pedras provocações insultos / enquanto D. Pedro avança eles atacam / às 20 em ponto na TV. E o poema escreve-se / no dia adverso como um sol inverso.” É, aliás, este indicador de contemporaneidade, aliado a outros (um tratado da Europa em Lisboa, por exemplo), que permite uma leitura deste poema sob a marca da escrita autobiográfica, acentuada em versos como estes, onde o poeta faz coincidir a data de escrita com a data de aniversário de Manuel Alegre: “O poema escreve-se (…) / por dentro / de nós mesmos neste 12 de Maio de 2008 / com tanta carta redigida e ainda não cumprida / tanta História já feita e ainda por fazer / e uma vida já longa na tão curta vida.”
Um poema abre, pois, outras saídas, outros paraísos, formas de dizer e de viver, partidas que existem também para o interior do poeta – “Há sempre outra cidade só na alma / um mar onde só chega o pensamento / um saber como Sócrates que se não sabe / senão que não se sabe e tudo passa / e só nesse passar é que se sabe.”
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