Que é que eu tenho, Maria Arnalda? e outros contos pícaros é a mais recente obra de António Manuel Couto Viana (Guimarães: Opera Omnia, 2009) e constitui o terceiro livro de contos na bibliografia do autor, todos eles publicados nos últimos cinco anos, faceta que torna curiosa a obra de Couto Viana, desde sempre ligada à poesia, ao ensaio memorialístico e à escrita teatral. Os outros títulos são Meias de seda vermelha e sapatos de verniz com fivelas de prata e outros contos (Lisboa: Prefácio, 2004) e Os despautérios do Padre Libório e outros contos pícaros (Guimarães: Opera Omnia, 2008).
Só nos dois últimos livros de contos é que Couto Viana assumiu, no título, o género das suas narrativas – “contos pícaros” –, desde logo dando a entender ao leitor que tipo de literatura pode esperar – histórias com um narrador que ridiculariza e explora a sátira social, pondo o heroísmo a favor desses objectivos, rindo dos outros e, muitas vezes, de si próprio, sem a preocupação de definir modelos de virtudes.
Ora, quem passa por estes contos vai encontrar narrador na primeira pessoa, a fim de sugerir credibilidade ao contado, dando a ideia de uma certa dimensão autobiográfica. No entanto, este “eu” vai variando a sua identidade de texto para texto, nome incluído, pelo que a própria sugestão autobiográfica só pode viver na linha de experiência do narrador, logo aí deixando campo aberto para a ficção.
As histórias acontecem no período da primeira metade do século XX, remetendo para retratos sociais dessa época, e situam-se, maioritariamente, na “cidadezinha”, burgo alto-minhoto, encostado ao mar, ao rio, ao campo e à serra, que outro local não pode ser senão Viana do Castelo, geografia de que não restam dúvidas depois de se ler a dedicatória da obra de 2008 à memória de uma tia do autor, que conhecia “toda a História e todas as histórias pícaras e dramáticas da sua cidadezinha, meu berço”.
São pequenas historietas, pois, coladas ao burgo que Couto Viana recorda, mas muito fantasiadas e reconstruídas. Por elas passa uma mestria de linguagem, assente na capacidade para descrever o pormenor ou os gestos, na graça com que a acção vai sendo dada a presenciar ao leitor. Por elas transitam personagens inesquecíveis, a que estão associados feitos não menos inolvidáveis e singulares, ficando o leitor a saborear o riso despertado por criaturas como o Maluquinho dos Comboios, o Lopes, o Toninho, o Sete-Cus ou a Cló (para lembrar o último livro) ou o Macário, o Malaquias, o padre Silvério, a Carminho ou o padre Libório (se falarmos do penúltimo conjunto de contos).
Se Couto Viana já era senhor de uma obra vastamente variada, estes três títulos, num género que ainda não experimentara nas suas seis décadas de vida literária, vêm reconfirmar o autor multifacetado sobre quem Ricardo Saavedra, no prefácio que integra o mais recente título, garantiu que terá “menção na História da Literatura Portuguesa”.
Ora, quem passa por estes contos vai encontrar narrador na primeira pessoa, a fim de sugerir credibilidade ao contado, dando a ideia de uma certa dimensão autobiográfica. No entanto, este “eu” vai variando a sua identidade de texto para texto, nome incluído, pelo que a própria sugestão autobiográfica só pode viver na linha de experiência do narrador, logo aí deixando campo aberto para a ficção.
As histórias acontecem no período da primeira metade do século XX, remetendo para retratos sociais dessa época, e situam-se, maioritariamente, na “cidadezinha”, burgo alto-minhoto, encostado ao mar, ao rio, ao campo e à serra, que outro local não pode ser senão Viana do Castelo, geografia de que não restam dúvidas depois de se ler a dedicatória da obra de 2008 à memória de uma tia do autor, que conhecia “toda a História e todas as histórias pícaras e dramáticas da sua cidadezinha, meu berço”.
São pequenas historietas, pois, coladas ao burgo que Couto Viana recorda, mas muito fantasiadas e reconstruídas. Por elas passa uma mestria de linguagem, assente na capacidade para descrever o pormenor ou os gestos, na graça com que a acção vai sendo dada a presenciar ao leitor. Por elas transitam personagens inesquecíveis, a que estão associados feitos não menos inolvidáveis e singulares, ficando o leitor a saborear o riso despertado por criaturas como o Maluquinho dos Comboios, o Lopes, o Toninho, o Sete-Cus ou a Cló (para lembrar o último livro) ou o Macário, o Malaquias, o padre Silvério, a Carminho ou o padre Libório (se falarmos do penúltimo conjunto de contos).
Se Couto Viana já era senhor de uma obra vastamente variada, estes três títulos, num género que ainda não experimentara nas suas seis décadas de vida literária, vêm reconfirmar o autor multifacetado sobre quem Ricardo Saavedra, no prefácio que integra o mais recente título, garantiu que terá “menção na História da Literatura Portuguesa”.
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