quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Efemérides - Em 1966, a inauguração da ponte sobre o Tejo, em Lisboa

A inauguração da ponte sobre o Tejo, a ligar Lisboa a Almada, em 6 de Agosto de 1966, mereceu, no Diário de Notícias do dia seguinte, título e subtítulos tão efusivos quanto: “A maior obra pública até hoje realizada em Portugal - Sobre a estrada do passado o grande símbolo do futuro – Inaugurada a Ponte Salazar – A ponte nasceu estrela: Cem milhões de europeus viram pela televisão a maior e a mais bela ponte do velho continente”. No seu discurso, o Presidente da República, disse dar “graças a Deus”, no momento em que declarou “aberta ao tráfego e ao serviço da Nação a Ponte Salazar”. O jornal informava ainda que o evento tinha sido “uma autêntica reunião de Conselho de Ministros” e de Espanha chegou mensagem de felicitações de Franco para Américo Tomás pela inauguração da “grandiosa obra da ponte sobre o Tejo”. A reportagem sobre a travessia da ponte dizia que “em marcha lenta o cortejo presidencial atravessou a ponte ladeado por helicópteros e saudado pelo Tejo”, afirmação devida ao facto de “muitos navios e outras embarcações ancorados ou sulcando o Tejo” terem saudado, “com o silvo alegre e estridente das sereias, o cortejo”. Nas primeiras dez horas de tráfego na ponte, terão passado, para a “sua” inauguração, 50 mil carros, num total de 200 mil pessoas, números que, só na primeira hora, tinham levado a que se formasse “uma serpente monstruosa” de veículos para experimentar a sensação. Para a história ficou ainda o primeiro carro particular a entrar no tabuleiro da ponte no sentido de Lisboa-Almada: um Austin Seven, verde, com a matrícula DC-72-48. Em Lisboa, as sensações prolongaram-se por todo o dia – e reportava o jornal: “Lisboa deitou-se alta madrugada e levou nos olhos o reflexo das luminárias e a silhueta triunfal da Ponte Salazar”.
O custo da obra, em valores da época, rondou os dois milhões e duzentos mil contos. Em simultâneo, chegaram a estar a trabalhar na ponte 3000 operários. Há notícia de que quatro trabalhadores perderam as vidas nesta obra, que durou 45 meses. Depois do 25 de Abril de 1974, à ponte foi mudado o nome para “25 de Abril”.

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