segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Vaz Pinto face às eleições

«(…) Têm surgido, ultimamente, na comunicação social, grupos de pessoas individualizadas e com nome, desafiando os principais partidos a pronunciarem-se sobre grandes questões nacionais: maior ou menor intervenção do Estado na economia; critérios de investimento público; combate ao desemprego e à corrupção, etc., etc. Parece-nos um saudável sinal de vitalidade da sociedade civil esta capacidade de congregar vontades e este surgir de propostas diferentes.
Este, sem dúvida, é um dos principais critérios: o que pensa fazer o partido x e o candidato y que o representa, sobre as grandes questões: vida humana, desemprego, ambiente, educação, corrupção, justiça, integração de imigrantes e marginalizados, equilíbrio orçamental... Será isto suficiente? É claro que não: as pessoas que representam as várias propostas, na sua credibilidade pessoal, na sua ideologia e na sua capacidade de realização, são também de importância fundamental e têm de ser serenamente ponderadas.
Três últimas notas nos parecem ainda importantes: a primeira é a de não deixar que os partidos com assento parlamentar se tornem num clube privado, fechado e definitivo; a comunicação social, instituições e profissionais, não pode fechar-se à renovação às novas ideias, propostas e partidos.
A segunda nota é a necessidade de aprofundar a "liberdade interior": é certo que à direita, à esquerda e ao centro, há um conjunto significativo de "eleitores fixos", que votam sempre no mesmo partido, no "seu" partido; é compreensível e legítimo, mas o que faz mover a democracia é precisamente a atitude contrária: a daqueles que com seriedade vão oscilando, revendo e que mantêm e utilizam a sua capacidade de mudar, se honestamente acharem que o devem fazer...
A última nota, por fim, talvez a mais importante: é que o critério último que deve mover e levar a decidir, não pode ser o do meu interesse egoísta, o que mais me convém.., o critério último orientador só poder ser um: o do bem comum: que opção eleitoral me parece mais capaz de alcançar um maior bem comum?»
António Vaz Pinto. "Face às eleições". Brotéria (vol. 169, fasc. 1), Julho.2009.

1 comentário:

Anónimo disse...

Este texto deveria ser amplamente divulgado.É um bom ponto de partida para as reflexões que nos são devidas nestas vésperas de eleições.
Boa pergunta ...
«Que opção eleitoral me parece mais capaz de alcançar um maior bem comum?»
... de difícil resposta.
MCT