sexta-feira, 13 de março de 2009

Lendo a "Autobiografia" de Charles Darwin

Na aula de hoje (melhor: de ontem), leitura de Darwin e da sua Autobiografia. Nos seus 12-13 anos, os jovens seguiram com atenção a escrita do velho cientista, produzida quando tinha 67 anos, texto com que pretendeu passar a sua história para os filhos e, depois, para os filhos dos filhos, segundo diz no capítulo de abertura. Esta intenção foi contrariada em 1958, ano em que a neta Nora Barlow resolveu publicar a edição total da Autobiografia, cuja tradução portuguesa data de 2004 (Charles Darwin. Autobiografia. Lisboa: Relógio d’Água Editores, 2004).
A leitura foi apenas da parte respeitante à infância e juventude de Darwin, com algumas chamadas de atenção para pormenores da sua formação. Afinal, Darwin fez coisas que seriam comuns a qualquer jovem, delas falou não escondendo o seu entusiasmo e bem podem constituir alternativas para a educação. Bem vi, aliás, pelo entusiasmo que a miudagem revelava…
Recordações de Darwin? Com pouco mais de 8 anos, o coleccionismo cativava-o. Quando entrou para o externato de Shrewsbury, o seu gosto “pela história natural, e especialmente por coleccionar objectos, estava bem desenvolvido”. Coleccionar o quê? “Toda a espécie de coisas: conchas, carimbos, sobrescritos, moedas e minerais.” E os riscos. “A paixão por coleccionar, que leva uma pessoa a ser um naturalista sistemático, um antiquário ou um avarento, era muito forte em mim”. Aqui chegados, um intervalo para que todos falem das suas colecções.
Darwin foi também uma criança a quem o pai, um dia, zangado, disse que era a vergonha da família. Já passaram 200 anos… e, depois, vêm os ensinamentos: “Olhando para o meu passado e considerando do melhor modo possível o meu carácter durante os anos de liceu, as únicas qualidades que tinham qualquer promessa para o futuro eram os meus gostos intensos e diversificados, muito zelo relativamente ao que me interessava, e um grande prazer em compreender qualquer assunto ou objecto complexo.”
Muito a aprender nas biografias, pois. E, quando nem todos sabiam quem era Darwin, a vida desta personagem suscitou-lhes questões, dúvidas e querer saber. Sintetizaram mesmo o que tinha sido a infância do cientista e conseguiram captar o essencial da mensagem que o homem das longas barbas brancas quis transmitir aos netos. Fiquei com a ideia de que gostaram. Pelo menos, a maioria. Não só pelo tempo de leitura (que entusiasma muitos), mas sobretudo porque, por um bocado, eles pareceram iguais a Darwin…

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