Na tarde de quinta, estive em Azeitão, no Museu Sebastião da Gama (que completa, em 1 de Junho, os 10 anos de vida) para promover uma sessão sobre o poeta patrono do Museu, natural de Azeitão (freguesia de S. Lourenço), destinada a um grupo da Universidade Sénior de Setúbal (Uniseti).
Foi uma hora e tal de passeio pela vida, pelo tempo e pela obra de Sebastião da Gama, numa tarde quente, com as atenções presas, embaladas no interesse de mais contactar com o poeta. Antes, a visita ao pequeno núcleo sobre Sebastião da Gama fora guiada por Joana Luísa, a viúva do poeta, e por Nicolau da Claudina, um dos seus alunos de Setúbal.
Depois desta navegação, notei o prazer das pessoas em mais saberem sobre o poeta e o pedagogo, sensação que não me é nova, pois a tenho experimentado em várias outras sessões a propósito do poeta.
Que fascínio podem as pessoas encontrar numa visita a Sebastião da Gama? A poesia, claro; a mensagem educativa, também; a história de uma vida de 27 anos que muito deixou para contar, evidente; a fusão do poeta, do homem e do professor num sentir único, impossível de segmentar, talvez; um trajecto de alegria pela e com a vida, apesar da rapidez com que passou… Talvez um pouco de tudo isto seja verdade ou molde essa verdade, talvez. Mas tem-me sensibilizado que a história deste poeta tanto comova jovens como adultos, mais novos como mais velhos.
E, depois, vêm os testemunhos. Há sempre alguém que se cruzou com Sebastião da Gama. Num poema, numa citação, numa lembrança. Na tarde de quinta, havia a característica comum de quase todo o público ser sadino, com interesse pela poesia e com empenho cultural assinalável, trazido pela animação de uma oficina de poesia orientada por Alexandrina Pereira e por Fernando Paulino, ambos poetas, com obra publicada e prémios obtidos. E houve ainda a presença de Julieta Ferreira, que foi professora, que é escritora, leitora e emigrante na Austrália há quase três décadas, que se emocionou com a história e pareceu encontrar-se com uma das suas referências enquanto pedagogo e poeta. Coincidências. E momentos felizes. A Julieta testemunhou, lendo um excerto de um dos seus livros, num passo autobiográfico em que, a propósito de um olhar sobre o monumento a Camões, em Lisboa, regista: “O poeta cujos sonetos me encantavam e eram motivo de suplício para os meus alunos dedicados aos estudos das matemáticas ou ciências, para quem era um desperdício o estudo da nossa língua e literatura. Nunca desistia nas minhas tentativas de incutir neles o apreço pelas letras, o que resultava em tarefa bem árdua, na maior parte das vezes. Contudo, sempre munida de um entusiasmo redobrado, enfrentava a classe todos os dias, lembrando-me das palavras de Sebastião da Gama que tanto me inspirava e com quem partilhava a mesma paixão. A aula de Português acontece… Acontece na sala… Não sou, junto de vós, mais do que um camarada… Sei coisas que vocês não sabem, do mesmo modo que vocês sabem coisas que eu não sei ou já esqueci. Estou aqui para ensinar umas e aprender outras. Ensinar, não: falar delas. E eu falava com os meus alunos acerca da minha paixão pela língua portuguesa e pelos escritores que a trabalharam e enobreceram.” (Julieta Ferreira. Regresso a Lisboa – Confissões proibidas. Linda-a-Velha: DG edições, 2006, pp. 62-63).
Foi uma das coisas boas na tarde de quinta, só agora escrita, mas desde logo inscrita.
Foi uma hora e tal de passeio pela vida, pelo tempo e pela obra de Sebastião da Gama, numa tarde quente, com as atenções presas, embaladas no interesse de mais contactar com o poeta. Antes, a visita ao pequeno núcleo sobre Sebastião da Gama fora guiada por Joana Luísa, a viúva do poeta, e por Nicolau da Claudina, um dos seus alunos de Setúbal.
Depois desta navegação, notei o prazer das pessoas em mais saberem sobre o poeta e o pedagogo, sensação que não me é nova, pois a tenho experimentado em várias outras sessões a propósito do poeta.
Que fascínio podem as pessoas encontrar numa visita a Sebastião da Gama? A poesia, claro; a mensagem educativa, também; a história de uma vida de 27 anos que muito deixou para contar, evidente; a fusão do poeta, do homem e do professor num sentir único, impossível de segmentar, talvez; um trajecto de alegria pela e com a vida, apesar da rapidez com que passou… Talvez um pouco de tudo isto seja verdade ou molde essa verdade, talvez. Mas tem-me sensibilizado que a história deste poeta tanto comova jovens como adultos, mais novos como mais velhos.
E, depois, vêm os testemunhos. Há sempre alguém que se cruzou com Sebastião da Gama. Num poema, numa citação, numa lembrança. Na tarde de quinta, havia a característica comum de quase todo o público ser sadino, com interesse pela poesia e com empenho cultural assinalável, trazido pela animação de uma oficina de poesia orientada por Alexandrina Pereira e por Fernando Paulino, ambos poetas, com obra publicada e prémios obtidos. E houve ainda a presença de Julieta Ferreira, que foi professora, que é escritora, leitora e emigrante na Austrália há quase três décadas, que se emocionou com a história e pareceu encontrar-se com uma das suas referências enquanto pedagogo e poeta. Coincidências. E momentos felizes. A Julieta testemunhou, lendo um excerto de um dos seus livros, num passo autobiográfico em que, a propósito de um olhar sobre o monumento a Camões, em Lisboa, regista: “O poeta cujos sonetos me encantavam e eram motivo de suplício para os meus alunos dedicados aos estudos das matemáticas ou ciências, para quem era um desperdício o estudo da nossa língua e literatura. Nunca desistia nas minhas tentativas de incutir neles o apreço pelas letras, o que resultava em tarefa bem árdua, na maior parte das vezes. Contudo, sempre munida de um entusiasmo redobrado, enfrentava a classe todos os dias, lembrando-me das palavras de Sebastião da Gama que tanto me inspirava e com quem partilhava a mesma paixão. A aula de Português acontece… Acontece na sala… Não sou, junto de vós, mais do que um camarada… Sei coisas que vocês não sabem, do mesmo modo que vocês sabem coisas que eu não sei ou já esqueci. Estou aqui para ensinar umas e aprender outras. Ensinar, não: falar delas. E eu falava com os meus alunos acerca da minha paixão pela língua portuguesa e pelos escritores que a trabalharam e enobreceram.” (Julieta Ferreira. Regresso a Lisboa – Confissões proibidas. Linda-a-Velha: DG edições, 2006, pp. 62-63).
Foi uma das coisas boas na tarde de quinta, só agora escrita, mas desde logo inscrita.
[fotos: na direita, Joana Luísa da Gama e Nicolau da Claudina; na esquerda, Julieta Ferreira]
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