sexta-feira, 15 de maio de 2009

Um outro olhar sobre a Bela Vista (Setúbal)

Somos alguém
«Podemos ser pobres, mas somos alguém. A Dulce, do café, a Carla do CCA, a Felismina da Associação Cabo-verdiana, a Mena do Supermercado, são alguém. O Tony e o Toninho mortos pela polícia, apesar de já não estarem entre nós, também eram alguém.
O Bairro da Bela Vista, em Setúbal, é muito mais que a violência relatada na imprensa, por estes dias. Esta ideia de que a Bela Vista e outros bairros pobres são uma ameaça social é, justamente, construída pela forma como são veiculadas as notícias relativamente aos mesmos, o que contribui, sem dúvida, para o aumento da sua estigmatização.
É preciso lembrar que no meio daquele caos urbanístico moram homens, mulheres e crianças que vivem com dificuldades a vários níveis - social, educativo, laboral - e estão limitados nos seus direitos políticos. Estas pessoas esforçam-se, diariamente, por uma vida melhor e não necessitam da tolerância dos outros, mas sim da garantia dos seus direitos.
Porém, estes não fazem as primeiras páginas de jornais. O que as faz são as rusgas, os bloqueios policiais e a violência.Não é fácil conviver com estes cenários. Por mais que as pessoas do bairro estejam habituadas, é sempre uma profunda humilhação ser-se recorrentemente revistado na rua, viver com recolheres obrigatórios e perímetros de segurança, proibido de ir trabalhar, de ir estudar, como se não bastasse a carência e a exclusão.
O problema da Bela Vista não se resolve com rusgas e bloqueios policiais, mas sim através de políticas públicas transversais que resultem de uma profunda articulação entre os vários actores sociais: a população do bairro, a autarquia, as associações, as escolas, a segurança pública, etc. A Bela Vista sofre de problemas sociais estruturais que vêm de anos de invisibilidade, isolamento e discriminação, para além de padecer de uma enorme falta de auto-estima.Perante esta realidade é urgente requalificar o bairro, garantir mais respostas sociais, novas infra-estruturas e coisas simples como melhorar a iluminação, a recolha do lixo, a limpeza, etc.
É preciso quebrar o ciclo de pobreza, apostar na formação e diminuir a precariedade laboral e o desemprego. Ao invés de demonizar, ainda mais, o bairro, espero que estes episódios sirvam para reflectir sobre os problemas da Bela Vista, criando respostas e soluções que contribuam para melhorar a vida dos seus habitantes, aqueles que não fazem as primeiras páginas dos jornais. Quando o reverendo Jesse Jackson escreveu o poema I am somebody fê-lo com a intenção de promover o respeito e o diálogo intercultural. As pessoas da Bela Vista são alguém, não podem ser rejeitadas, discriminadas e têm direitos. É só isso que os moradores da Bela Vista querem.»
Mónica Frechaut. "Somos alguém". Público: 14.Maio.2009

1 comentário:

varelade pinho disse...

hallo da Alemanha,infeliz-mente,este problema,tanben se esta a passar na alemanha,o deseprego e a pobreza esta a aumentar,de tal forma que o estado,arranjou para as pessoas sem trabalho os piores sitios da cidade,uma pessoa singel,nao pode ter um apartamento,maior que 45 qm,ou se nao nao leva ajuda do centro de desenprego,ja voltou para muintos alemaes as senhas para comida e roupa (incrivel)o alkool e tanben un problema,en que as pessoas ,en carencia caen,por ja nao acreditam que vao arranjar un traballho,no proximo verao espera-se un aumento,de 3milhoes,de desempregados,era melhor,que as pessoas se acalmen e se procuren ajudar,nos tenpos de crise,por favor,juntemos-nos,para aguentar a passar esta crise,aqui nao se deve fazer diferencas sobre estados sociaes,mais favorecidos ou menos favorecidos,isto e muinto feio,espero que deus nos ajude a todos.