quarta-feira, 13 de maio de 2009

Prémio Literário Bocage deixa cair o ensaio

O Concurso Literário Manuel Maria Barbosa du Bocage foi instituído pela Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão (LASA) em 1999. Nessa primeira edição, que só abrangia a poesia, o júri foi constituído por Fernando Cristóvão, Manuel Gusmão e Helena Carvalhão Buescu. Em 2002, aquando da quarta edição do certame, a LASA passou a publicar os textos premiados, ideia de Maurício Costa, então Presidente da Direcção. Ainda nesse ano, às duas modalidades de poesia foi acrescentada a de ensaio, que foi ganha por Artur Vaz, com um texto biográfico sobre o patrono do prémio.
Esta modalidade de ensaio manteve-se até 2008, tendo sido ganha por autores brasileiros e portugueses, que revelaram Bocage em vários pormenores biográficos, haja em vista o ensaio de Jorge Morais, em 2006, intitulado Um maçon chamado Bocage, que, posteriormente, chegou a ter edição comercial.
Obviamente, a modalidade ensaística não é a mais fácil. Exige estudo, muito trabalho e muita reflexão. A quantidade de provas aparecidas para essa modalidade era escassa e, em 2003 e 2007, o prémio de ensaio nem sequer foi atribuído.
O Setubalense noticia hoje que a Direcção da LASA, ao anunciar a 11ª edição (para 2009), informou também sobre o fim da modalidade Ensaio, com os argumentos de que “a participação é escassa” e de que “é muito difícil para os autores arquitectarem histórias sobre Bocage e fazerem um trabalho de ensaio”.
Estes argumentos valem o que valem, mas não deveriam constituir razão para acabar a modalidade, antes deveria este prémio incentivar os estudos sobre a cultura e a identidade de Setúbal. Por outro lado, nada obrigaria a que essa modalidade existisse todos os anos, bem podendo ter realização bienal, por exemplo… mesmo porque o estudo e a reflexão não funcionam com pressão de tempo!
Obviamente, a Direcção da LASA, enquanto promotora da ideia, tem autonomia para tomar as decisões que quiser neste capítulo. Mas é pena que esta decisão deixe de valorizar os estudos locais também, sobretudo que deixe de valorizar o estudo e a investigação.
É útil que faça a minha declaração de ligação a este prémio: integrei o júri nas edições de 2002 a 2006, colaborei na preparação de algumas das edições das obras premiadas (2002 a 2007) e, por razões pessoais e profissionais, deixei a colaboração a partir dessas datas; nunca fui concorrente a nenhuma das modalidades.

O Setubalense: 13.Maio.2009

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