domingo, 4 de janeiro de 2009

Professores que (nos) marca(ra)m

D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, 60 anos, é o entrevistado na última edição da revista Tempo Livre (Lisboa: Fundação Inatel, Dezembro.2008, nº 199), em trabalho conduzido por Eugénio Alves. Entre os muitos assuntos abordados, também a educação passou pela conversa. É esse extracto que apresento.
Tempo Livre: Em Agosto passado, e a propósito do início do novo ano escolar, afirmou que ‘o futuro da educação, dentro e fora de Portugal, estará mais do lado dos educadores e dos educandos do que das matérias em si mesmas’…
Manuel Clemente: Todos sabemos isso, graças aos professores que nos marcaram. Claro que as matérias também eram importantes. Mas marcaram-nos porque eram realmente grandes professores. Aquela matéria não era debitada, saía-lhes da vida e do seu próprio pensamento. Isso é que dá a riqueza do ensino. O resto podemos fazer em casa com o computador.
TL: Aí está um tema bem quente na sociedade portuguesa…
MC: O que notamos, até devido a essa mobilidade de pessoas e professores, é que há muito pouca integração comunitária. Se o ensino é basicamente transmissão de cultura intergeracional isso exige alguma estabilidade de agentes e profissionais. É um problema muito complicado.
TL: Os professores sentem-se muito maltratados…
MC: Se eles se queixam, alguma razão hão-de ter. E não se trata apenas destas questões correntes. Mas também se queixam de outras coisas que têm a ver precisamente com esse diálogo intergeracional ou falta dele. Sei de vários colegas que assim que puderam reformar-se não hesitaram, antes de mais porque estavam fartos, sentiam-se desgastados.

1 comentário:

Anónimo disse...

‘o futuro da educação, dentro e fora de Portugal, estará mais do lado dos educadores e dos educandos do que das matérias em si mesmas’…
Para o provar bastará que cada um de nós se lembre daquela(s) aula(s)cuja matéria pouco nos entusiasmava e que, de repente, passaram a fazer sentido, a ter interesse,a «saber» bem ouvir!
MCT