O discurso de Ano Novo do Presidente da República não esteve com paliativos: partiu de um quadro de dificuldades, lembrando quem, ao longo de 2008, mais as sentiu e mais as sofreu, para chegar à ainda maior dificuldade do que vai ser gerir 2009, não só em termos nacionais, mas também em termos individuais – foi, aliás, significativo, ainda que conjugado com a quadra, que o início da mensagem do Presidente invocasse todos os que sentiram as dificuldades agravadas, num discurso de proximidade para desempregados, jovens à procura de primeiro emprego, pequenos comerciantes e agricultores, não faltando sequer o recurso a uma questão essencial (ainda que nem sempre lembrada) como a identidade colectiva.
Falou de economia, como não podia deixar de ser, num tempo em que “crise” é a palavra mais ouvida e que condicionou os votos de bom ano para todos. Falou de economia e reiterou a esperança nas melhoras, com a capacidade dos portugueses, não sem chamar a atenção para o facto de que “as ilusões se pagam caras”, não sem acentuar que “há que prestar uma atenção acrescida à relação custo-benefício dos serviços e investimentos públicos”.
E falou de política, com recados à direita e à esquerda, defendendo uma ética política de compromisso com a verdade e com os portugueses – “Devo falar verdade. A verdade é essencial para a existência de um clima de confiança entre os cidadãos e os governantes. É sabendo a verdade, e não com ilusões, que os portugueses podem ser mobilizados para enfrentar as exigências que o futuro lhes coloca.” E, quanto aos partidos e aos políticos, o recado foi directo: “Mas, na situação em que o País se encontra, especiais responsabilidades impendem sobre as forças políticas. Os portugueses gostariam de perceber que a agenda da classe política está, de facto, centrada no combate à crise. As dificuldades que o País enfrenta exigem que os agentes políticos deixem de lado as querelas que em nada contribuem para melhorar a vida dos que perderam o emprego, dos que não conseguem suportar os encargos da prestação das suas casas ou da educação dos seus filhos, daqueles que são obrigados a pedir ajuda para as necessidades básicas da família. Não é com conflitos desnecessários que se resolvem os problemas das pessoas. Nesta fase da vida do País, devemos evitar divisões inúteis. Vamos precisar muito uns dos outros.”
Sei que tudo isto não passa de um discurso e que dele não depende o caminho melhor que todos desejaríamos. Mas não ignoro também que ele contém linhas que nos apelam a uma partilha comum, bem distantes dos actos propagandísticos com que temos sido enleados. Provavelmente, o Governo virá dizer que as linhas são idênticas, que a concordância é absoluta; mas não posso deixar de ver nesta mensagem a expressão do contraditório e, perante as duas opções, prefiro a mais realista, ainda que seja mais dura. Em prol da credibilidade da democracia e da valorização das pessoas. Em prol da partilha da responsabilidade também.
Falou de economia, como não podia deixar de ser, num tempo em que “crise” é a palavra mais ouvida e que condicionou os votos de bom ano para todos. Falou de economia e reiterou a esperança nas melhoras, com a capacidade dos portugueses, não sem chamar a atenção para o facto de que “as ilusões se pagam caras”, não sem acentuar que “há que prestar uma atenção acrescida à relação custo-benefício dos serviços e investimentos públicos”.
E falou de política, com recados à direita e à esquerda, defendendo uma ética política de compromisso com a verdade e com os portugueses – “Devo falar verdade. A verdade é essencial para a existência de um clima de confiança entre os cidadãos e os governantes. É sabendo a verdade, e não com ilusões, que os portugueses podem ser mobilizados para enfrentar as exigências que o futuro lhes coloca.” E, quanto aos partidos e aos políticos, o recado foi directo: “Mas, na situação em que o País se encontra, especiais responsabilidades impendem sobre as forças políticas. Os portugueses gostariam de perceber que a agenda da classe política está, de facto, centrada no combate à crise. As dificuldades que o País enfrenta exigem que os agentes políticos deixem de lado as querelas que em nada contribuem para melhorar a vida dos que perderam o emprego, dos que não conseguem suportar os encargos da prestação das suas casas ou da educação dos seus filhos, daqueles que são obrigados a pedir ajuda para as necessidades básicas da família. Não é com conflitos desnecessários que se resolvem os problemas das pessoas. Nesta fase da vida do País, devemos evitar divisões inúteis. Vamos precisar muito uns dos outros.”
Sei que tudo isto não passa de um discurso e que dele não depende o caminho melhor que todos desejaríamos. Mas não ignoro também que ele contém linhas que nos apelam a uma partilha comum, bem distantes dos actos propagandísticos com que temos sido enleados. Provavelmente, o Governo virá dizer que as linhas são idênticas, que a concordância é absoluta; mas não posso deixar de ver nesta mensagem a expressão do contraditório e, perante as duas opções, prefiro a mais realista, ainda que seja mais dura. Em prol da credibilidade da democracia e da valorização das pessoas. Em prol da partilha da responsabilidade também.
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