A propósito da publicação do seu mais recente romance, O amante é sempre o último a saber, Rui Zink é entrevistado na edição deste mês de Os Meus Livros (Antanhol: CELivrarias, nº 103), em conversa conduzida por João Morales. É daí que reproduzo os seguintes excertos:
Espaço Virtual e Misticismo – “Quantas pessoas há na igreja e quantas estão online? Outro inquietante sinal dos tempos: começo a ver mais taxistas ao telemóvel do que com emblemas do Benfica.”Vida e Realidade Virtual – “Cada vez mais, cabeças e corações vão estar mais separados do corpo, como não se via desde a corte de Henrique VIII. O lado bom é que o índice de doenças venéreas vai diminuir entre os jovens. O lado mau é que os vírus de computador vão passar a provocar herpes.”
Futuro – “Somos uma espécie tramada. Pelo menos os homens, que são quem mais tem mandado nisto tudo. Pessoalmente, acho que não somos bons para ninguém excepto quando estamos a ler um livro. E mesmo assim, depende do livro. Por alguma razão hoje quem mais lê são as mulheres. Benditas mulheres. Deus existe? Sim, mas existiria ainda mais se fosse no feminino. Não seria tão bom podermos dizer que, mais do que amor, Deus é amora?”
Ironia e Humor – “Acho apenas que há muito pouca coisa verdadeiramente grave, e devemos guardar os nós na garganta para essas ocasiões. Entre outras coisas, o humor é uma força moral, no triplo sentido da palavra: traduz uma ética, dá ânimo, desmascara hipocrisias. Mais económico e mais limpo não há.”
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