Conheci Silva Duarte através do Manuel Medeiros, numa daquelas ações a que o Livreiro Velho me habituou na sua Culsete, já lá vão uns anos. Fiquei nessa altura a saber que o maior andersenista português era setubalense, com estudos e traduções de Hans Christian Andersen, o escritor e viajante que andou por Portugal em 1866 e que também esteve nas terras do Sado.
Li a biografia Andersen e a sua obra (Lisboa: Livros Horizonte, 1995) e li Uma visita em Portugal em 1866 (Lisboa: Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, 1984) e as Histórias e contos completos (Vila Nova de Gaia: Gailivro, 2005), uma e outras devidas a Silva Duarte, a primeira de sua autoria e as restantes, de Andersen, por si traduzidas.
Num dos poucos encontros que me foram proporcionados – acontecidos quando da Alemanha rumava até cá para ver a sua Setúbal e alguns amigos –, falámos do poeta limiano Feijó e da sua passagem enquanto diplomata pelos países nórdicos. E Silva Duarte, gentilmente, regressado a Würzburg, apressou-se a enviar-me pelo correio a sua obra António Feijó e a Suécia (Lisboa: 1961).
Já há uns anos que não o via, mas ia sabendo pelo Manuel Medeiros informações que davam conta do seu débil estado de saúde. Agora, que acabei de ler a notícia final (recuada a 23 de outubro), recordo o trato fino, uma sensibilidade enorme, um saber grande e a presença afável que revestiam o artista que era Silva Duarte. Gostei de o ter conhecido e, sempre que ler Andersen ou Feijó, terei de o lembrar.´
[foto: retirada de chapéu e bengala]
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