Na revista Ler deste mês (Lisboa: Círculo de Leitores, nº 106), Inês Pedrosa escreve sobre "A morte da literatura", onde diz, a dado passo:
“Quando morre um escritor os seus livros têm um pico de vendas – derradeiro e irónico prémio. Depois desaparecem das notícias e, estando impedidos de dar entrevistas provocatórias (embora às vezes apareça uma ou outra inédita, a título póstumo…), vão-se sumindo. Ficam os livros – enquanto houver editores que entendam a edição como um serviço ao futuro.
A protecção dos direitos dos autores mortos é, demasiadas vezes, o seu segundo enterro. Durante 70 anos a publicação fica à mercê dos herdeiros – que muitas vezes se desentendem, ou pretendem fazer do seu antepassado uma potencial mina de ouro. Vinte e cinco anos seria justo – para honrar os filhos ou os mais próximos. José Rodrigues Miguéis, por exemplo, não merecia estar tão morto como está, por falta de edição. Isso, sim, é a morte da literatura.”
Acrescentar alguma coisa? Quanto aos herdeiros, há também os que desvalorizam a obra e contribuem para o esquecimento. E, quanto a Miguéis, bem recordo que, quando há cerca de três anos, pensámos, na minha escola, que os alunos deveriam ler Uma Aventura Inquietante, rapidamente tivemos de desistir porque não era possível encontrá-la no mercado… E de quantos outros autores podemos falar nas mesmas circunstâncias?
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