Manuel da Fonseca faria hoje 100 anos. Ainda neste ano, em 29 de Dezembro, passarão também os 100 anos do nascimento de Alves Redol. E já neste ano, em 7 de Agosto, passaram os 100 anos do nascimento de Políbio Gomes dos Santos. Três nomes ligados ao neo-realismo literário português, três nomes a não serem esquecidos nas escolhas de leituras que se devem fazer.
Uma boa sensibilização para estes nomes e para o que foi a importância do neo-realismo pode partir do dossiê “O neo-realismo ainda conta?” que a revista Os Meus Livros deste mês (nº 103) publicou. Por lá passam abordagens destes três autores; lá se fala da importância de títulos como a colecção “Novo Cancioneiro” ou os periódicos O Diabo, Sol Nascente ou Vértice; ali se evoca ainda Mário Dionísio e Carlos de Oliveira, bem como se podem ver as ligações de Júlio Pomar ou de Manuel Ribeiro de Pavia ao movimento. Por ali vogam as palavras de escritores de hoje como Urbano Tavares Rodrigues (para quem o neo-realismo levou adiante “esse empenho em ser verdadeiro, em mostrar como se é, porque se é”), Paulo Vieira (que rejeita a necessidade de “a literatura doutrinar o leitor”), David Machado (que associa o neo-realismo à datação) ou Valter Hugo Mãe (com as preferências pela poesia de Carlos de Oliveira). Por lá ressaltam também as palavras de David Santos, director do Museu do Neo- Realismo vilafranquense, a requerer estudos críticos e equilibrados sobre a época, bem como as de Maria Alzira Seixo, que, sobre Manuel da Fonseca, diz que “nada [na sua obra] é simplista” e que “cumpre todos os parâmetros de análise literária para ser considerado um autor que não merece não ser lido”.
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