O prémio, há poucos anos instituído, no valor de 500 euros, atribuído ao melhor aluno que conclua o ensino secundário de cada escola conheceu hoje um desfecho com alguma surpresa.
Considerando o momento de dificuldades que o país atravessa, as escolas receberam despacho no sentido de os alunos premiados não receberem o valor pecuniário do prémio, apenas o diploma, competindo à escola afectar essa verba a aquisição de materiais ou projectos de apoio social, depois de os alunos premiados escolherem, a partir de uma lista a ser elencada pelos Conselhos Pedagógicos, qual o material ou o projecto a que a verba se destina.
Provavelmente, os tais melhores alunos – e as respectivas famílias – já estariam a contar com esse dinheiro, pelo que não me parece sensato, só a cerca de dois dias da entrega do prémio, ser tornada pública esta decisão. Por outro lado, o significado do prémio desvirtua-se, pois não vai contemplar os alunos que mais se esforçaram no sentido de serem os que apresentaram melhor perfil para o prémio. Por outro lado ainda, convidar os alunos que tinham direito ao prémio a dizerem para onde deve ir a verba que não vão receber…
Que outros cenários poderiam existir?
Primeiro: a situação económica do país não permite e o prémio em dinheiro deve acabar ou, pelo menos, ser suspenso enquanto a conjuntura se mantiver.
Segundo: a situação económica do país não o permite e o valor em dinheiro do prémio é reduzido numa percentagem entendida como adequada.
Terceiro: a situação económica do país não o permite, mas o prémio deve ser mantido e deve haver apelo a uma postura de solidariedade por parte dos alunos contemplados, devendo uma parte do valor do prémio ser atribuída ao aluno e a outra parte ter um destino de solidariedade social na escola, a ser escolhido pelo aluno.
Quarto: a situação económica do país não o permite e a solidariedade social é prioritária, devendo superiormente o valor do prémio ser afecto obrigatoriamente ao fundo destinado à Acção Social Escolar das respectivas Escolas.
Qualquer destas alternativas seria compreensível e fácil de entender e de aceitar. A solução que foi escolhida é uma coisa forçada, algo surpreendente pelo paradoxo de “receber o prémio mas não o receber porque o tem de dar”… Qualquer uma das quatro hipóteses que apresentei teria contribuído mais para uma postura cívica, enquanto a solução legislada parece mais contribuir para a incompreensão e terá efeitos duvidosos no que possa ser a consciência ou o empenho cívicos.
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