domingo, 8 de fevereiro de 2009

Medos

«(...) Há de facto medo no PS e na sociedade portuguesa, pelos mais variados motivos. Têm medo os empresários, de que não lhes sejam permitidos os apoios, ou os financiamentos dados a outros; têm medo os funcionários públicos, relativamente aos chefes de nomeação política; têm medo os professores, da avaliação e do ministério, avaliação necessária mas imposta; e têm medo muitos militantes socialistas de perderem os seus lugares, ou o acesso aos benefícios pessoais que retiram da actividade política. Lugares e benefícios que há muito deixaram de ser decididos pela razão do mérito e que agora são o resultado da fidelidade ao chefe.
É aqui que Augusto Santos Silva se distingue, na obsessão da fidelidade ao líder, como condição da actividade política. No momento em que se prepara mais um congresso do Partido Socialista, a missão de Augusto Santos Silva é matar à nascença qualquer veleidade de debate livre e de novas ideias para o PS e para Portugal. Augusto Santos Silva está apenas interessado em "malhar neles", começando logo por malhar nos militantes do PS, aqueles que ainda pensam habitar o mesmo partido dos anos setenta a noventa, ou nos que passaram com esperança renovada pelos Estados Gerais para uma Nova Maioria. De facto, não estão no mesmo partido. O PS, como partido político da liberdade e do debate político e das novas ideias para Portugal, já não existe e o que há são sedes sem vida, militantes que olham a competição e a concorrência com medo, a quem permanentemente é incutida a ideia de que divergir e criticar é traição ao PS e bênção para os adversários políticos. "Quem se mete com o PS leva", fez escola no PS. (...)»
Henrique Neto. "Carta Aberta a Augusto Santos Silva e Manuel Alegre". Público: 07.Fev.2009.

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