sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Marcelo Rebelo de Sousa explica aos jovens o conflito na educação

Três jovens, leitores da Forum Estudante em idade de ensino secundário, entrevistaram Marcelo Rebelo de Sousa, trabalho que teve publicação na revista de Fevereiro. A conversa abordou temas como a juventude, o estudo, a política, as Associações de Estudantes, os professores e também facetas do entrevistado. No final, os jovens entrevistadores testemunharam sobre o seu interlocutor nos seus dotes de comunicação, humor e clareza, vertentes que alunos da minha escola puderam testemunhar há cerca de um ano, quando Marcelo Rebelo de Sousa aqui esteve para falar da Europa, numa sessão que acabou por ser também sobre a vida, sobre a política, sobre o futuro, com muita pedagogia, ensinamentos e recomendações para o público. E os jovens estudantes da minha escola, população do ensino secundário, encantaram-se também com o discurso e com as recomendações feitas.
A revista está por aí disponível. A entrevista apela à responsabilidade social que os jovens também têm. E, como não podia deixar de ser, a educação foi também tema, mesmo pela origem dos entrevistadores... Quando Maria da Cunha, estudante do 12º ano do Colégio São João de Brito, perguntou qual a avaliação do papel da Ministra da Educação relativamente aos professores e aos alunos, a resposta de Marcelo Rebelo de Sousa foi: «O caso da Ministra da Educação foi um pouco surpreendente. Era uma pessoa desconhecida, não vinha do universo político, portanto uma pessoa com competência técnica interessada em resolver problemas urgentes do ensino em Portugal. A Ministra prometeu muito, avançou com algumas boas ideias. O pior é que ao lado dessas boas ideias se instalou, desde o início, uma ideia muito errada de tentar conquistar a opinião pública à custa do ataque aos professores, o que é uma coisa muito sedutora, mas muito perigosa. As pessoas aderiram, porque andavam sempre à procura de um bode expiatório e o 'bode expiatório' dos professores foi boa ideia, porque não podiam ser os pais (apesar de, em muitos casos, cada vez menos ligarem aos filhos), nem podiam ser os alunos (apesar de, nalguns casos, eles estudarem cada vez menos). A ideia de serem os professores repetida à saciedade, dramatizada e exagerada com manifesta injustiça teve várias consequências, sendo a primeira delas afastar os professores, colocando-os praticamente desde o início contra a Ministra. Os próprios pais começaram a cair em si e a achar a explicação de que a culpa era dos professores uma explicação muito simplista e que às tantas deixou de justificar tudo o que se faz e o que se deixa de fazer. O que é facto é que os alunos também se sentiram muito desmotivados pelo clima de guerrilha que se instalou nas escolas, porque a partir de certa altura o confronto não foi apenas com os professores, foi com os alunos e com uma parte dos encarregados de educação.»
Estas consequências de que fala Marcelo Rebelo de Sousa não passaram ainda, como se sabe. E teria sido importante, desde sempre, um pensamento como o que, hoje, a propósito de negociações com os enfermeiros e com os médicos, a Ministra da Saúde expressou: é que o ambiente de guerrilha não é bom para o exercício de uma profissão. Nem para o progresso do país, claro.

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