... morreu Bocage, o poeta setubalense que se deixara adoptar pelo Sado no pseudónimo que escolheu. Trago para aqui a sua evocação através do trabalho em vitral de Isabel Fidalgo e da poesia de Mário Beirão.
Bocage
Passaste como o vento em desalinho,
Funesta imagem de ilusão cruel,
Dos desenganos o amargoso fel
Libando em taças de inebriante vinho!
Ó santo, a quem deteve no caminho
Das paixões o fantástico tropel,
A tua imagem sangra num painel
Que o Tempo mostra à multidão, escarninho!
Mais pálido que os lírios dos sepulcros,
Tombas no escuro eterno, entressonhando
Da Virgem-Mãe os doces olhos pulcros…
- Estrelas, alumiai o peregrino,
Mais os que seguem, pela noite, errando,
Às lágrimas, aos fados, ao Destino!
Passaste como o vento em desalinho,
Funesta imagem de ilusão cruel,
Dos desenganos o amargoso fel
Libando em taças de inebriante vinho!
Ó santo, a quem deteve no caminho
Das paixões o fantástico tropel,
A tua imagem sangra num painel
Que o Tempo mostra à multidão, escarninho!
Mais pálido que os lírios dos sepulcros,
Tombas no escuro eterno, entressonhando
Da Virgem-Mãe os doces olhos pulcros…
- Estrelas, alumiai o peregrino,
Mais os que seguem, pela noite, errando,
Às lágrimas, aos fados, ao Destino!
Mário Beirão. Lusitânia (1917)
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