Diário da Auto-Estima – 91
Escola – Na manhã do dia da greve de professores, o Secretário de Estado Jorge Pedreira dizia na rádio que o anterior sistema de avaliação de professores não passava de “um simulacro”. É injusto e não é verdade. Pode-se discordar do sistema, mas não se pode acusar de fingimento uma coisa que não era a fingir. Por inerência ou por convite, participei em Comissões de Avaliação e houve professores que não progrediram, outros a quem foi recomendado que refizessem o relatório de acordo com a legislação por pouco crítico ser o apresentado e outros que, tendo-se candidatado a “bom”, o viram recusado por não preencherem condições para tal. Isto, num tempo em que os sucessivos governos não tiveram a coragem de regulamentar a classificação de “bom” que estava prevista no Estatuto da Carreira Docente! Não é preciso estar-se a coberto de nenhum sindicato para dizer isto. Na tarde do mesmo dia, o Secretário de Estado Valter Lemos dizia que a adesão à greve fora “significativa”, mas regozijava-se porque a greve não tinha atingido os números que os sindicatos tinham alvitrado. E assim ficava a descoberto o essencial da luta: governo contra sindicatos e vice-versa, visto por um governante. Os sindicatos cavalgaram a onda de descontentamento? Acredito que sim. E o que fez o governo quando lhe deu jeito arranjar bodes expiatórios para explicar o que estava mal? Não esqueço que o discurso de tomada de posse do Primeiro-Ministro iniciou logo a abertura de hostilidades com grupos profissionais e com sectores económicos… Tudo em nome da explicação para problemas que os governos não têm conseguido (ou sabido) resolver. Assim como, na educação, não resolvem os desenhos curriculares desajustados, os programas mal concebidos, as cargas horárias dos alunos por vezes maquiavélicas, as disciplinas de pouca ou nenhuma relevância prática ou cultural…
Convento S Francisco – “Unus non sufficit orbis” (“um só mundo não basta”) é o título da exposição de fotografia e pintura que, até fim de Fevereiro, pode ser vista no Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal. A fotografia é de José A. Carvalho (professor em Setúbal); a pintura é de Andreas Stöcklein (alemão residente em Setúbal, com trabalhos no âmbito da pintura e do azulejo). O tema de ambas as formas de expressão é o Convento de S. Francisco, em Setúbal, nelas perpassando uma quase poética das ruínas e, simultaneamente, um grito contra a incúria e contra a afronta à memória cultural, pois das obras expostas não anda distante o que é o actual estado desta peça do património construído em Setúbal ou o que tem sido o seu trajecto de cerca de seis séculos (a serem cumpridos dentro de dois anos, provavelmente sobre um monte de ruínas ou sobre uma degradação ainda maior). “O Convento que andou de mão em mão” – assim chamou Almeida Carvalho (1827-1897) ao Convento de S. Francisco, aquele que foi o primeiro convento fundado em Setúbal, em 1410, graças a D. Maria Anes Escolar, e que pertenceu a franciscanos e a jesuítas, foi propriedade particular, pertenceu ao Estado, albergou soldados, serviu de residência a famílias vindas de África aquando da descolonização, esteve a cargo da Casa Pia e… jaz ao abandono. Com cores de ruína. Com rugas de história. Com marcas de memória.
Três livros a não perder – Embarcações Tradicionais – Contexto físico-cultural do Estuário do Sado, editado pelo Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal, sobre barcos (construção, história) e a perícia da construção naval, aliados à fotografia e à pintura; Versos do Cantador de Setúbal, o terceiro volume dos poemas de Calafate (António Maria Eusébio), editados 26 anos depois do segundo volume, organizado por Rogério Peres Claro, com cantigas sobre a cidade e sobre a vida, que andaram em folhetos e, agora, surgem em livro; Sebastião da Gama – Milagre de vida em busca do eterno, de Alexandre Santos, sobre a alegria de poetar do poeta de Azeitão, obra a ser apresentada no Salão Nobre da Câmara de Setúbal na noite de 12 de Dezembro.
Convento S Francisco – “Unus non sufficit orbis” (“um só mundo não basta”) é o título da exposição de fotografia e pintura que, até fim de Fevereiro, pode ser vista no Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal. A fotografia é de José A. Carvalho (professor em Setúbal); a pintura é de Andreas Stöcklein (alemão residente em Setúbal, com trabalhos no âmbito da pintura e do azulejo). O tema de ambas as formas de expressão é o Convento de S. Francisco, em Setúbal, nelas perpassando uma quase poética das ruínas e, simultaneamente, um grito contra a incúria e contra a afronta à memória cultural, pois das obras expostas não anda distante o que é o actual estado desta peça do património construído em Setúbal ou o que tem sido o seu trajecto de cerca de seis séculos (a serem cumpridos dentro de dois anos, provavelmente sobre um monte de ruínas ou sobre uma degradação ainda maior). “O Convento que andou de mão em mão” – assim chamou Almeida Carvalho (1827-1897) ao Convento de S. Francisco, aquele que foi o primeiro convento fundado em Setúbal, em 1410, graças a D. Maria Anes Escolar, e que pertenceu a franciscanos e a jesuítas, foi propriedade particular, pertenceu ao Estado, albergou soldados, serviu de residência a famílias vindas de África aquando da descolonização, esteve a cargo da Casa Pia e… jaz ao abandono. Com cores de ruína. Com rugas de história. Com marcas de memória.
Três livros a não perder – Embarcações Tradicionais – Contexto físico-cultural do Estuário do Sado, editado pelo Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal, sobre barcos (construção, história) e a perícia da construção naval, aliados à fotografia e à pintura; Versos do Cantador de Setúbal, o terceiro volume dos poemas de Calafate (António Maria Eusébio), editados 26 anos depois do segundo volume, organizado por Rogério Peres Claro, com cantigas sobre a cidade e sobre a vida, que andaram em folhetos e, agora, surgem em livro; Sebastião da Gama – Milagre de vida em busca do eterno, de Alexandre Santos, sobre a alegria de poetar do poeta de Azeitão, obra a ser apresentada no Salão Nobre da Câmara de Setúbal na noite de 12 de Dezembro.
aditamento
Estas notas foram redigidas na quarta-feira à noite, dia da greve de professores, para respeitar o "timing" de elaboração do jornal em que colaboro. Entretanto, a questão das escolas, aliás, da avaliação do desempenho docente, já evoluiu, melhor, já teve (des)envolvimentos: tudo indica que vai voltar a haver diálogo e, ontem, na Assembleia da República, não foi aprovada uma recomendação de suspensão deste processo porque 30 deputados faltaram na hora de votar. Vale a pena ler o postal "Negociações envenenadas" do companheiro Campo lavrado...
1 comentário:
Pois,«não resolvem os desenhos curriculares desajustados, os programas mal concebidos, as cargas horárias dos alunos por vezes maquiavélicas, as disciplinas de pouca ou nenhuma relevância prática ou cultural» e outras tantas coisas!
E que teria acontecido se tivessem começado por aí? Não posso ter a certeza, mas arrisco dizer que teriam conquistado os professores, os pais e os alunos, o que significa que não teria havido este conflito inacreditável, inaceitável, desrespeitoso,cujas consequências (para as escolas e para o próprio governo) ainda não conhecemos.....
Lamentável como quase tudo que este Ministério está fazendo!
MCT
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