É possível que Sebastião da Gama e José Carlos Ary dos Santos se tenham encontrado em Vila Nogueira de Azeitão variadíssimas vezes. Com efeito, Ary dos Santos visitou frequentemente Azeitão, de onde sua mãe era natural.
Nascido em 1936, era cerca de 12 anos mais novo do que Sebastião da Gama. Mas, se não há registo de encontro entre os dois, há, pelo menos, registo de convívio poético entre ambos, conforme o prova a publicação Horizonte – Revista de Cultura e Arte, editada em Évora entre Março de 1951 e Setembro de 1952 e dirigida por Manuel Madeira.
No seu nº 3 (Julho-Agosto.1951), colaboraram com poemas nomes como Luís Amaro, Natércia Freire, António de Navarro e Sebastião da Gama, entre outros, enquanto Lima de Freitas, Túlio Espanca e Sant’Anna Dionísio participaram com textos ensaísticos sobre arte. De Sebastião da Gama seria publicado o poema “Crepuscular”, datado de Estremoz (“1951, pelo São José”), postumamente inserido no seu livro Pelo sonho é que vamos (1953). No final da revista, na rubrica “Intercâmbio cultural” (dedicada a respostas a cartas dos leitores), um novíssimo (para a época) poeta se revelava, de seu nome José Carlos Ary dos Santos, que escrevera de Lisboa, referindo a revista: “Envia-nos este amigo uma carta em que se mostra interessado por Horizonte, animado pela nossa chamada aos novos. Conta apenas 14 anos e credencia-se com dois sonetos e um poema.”
Assim apresentada a novidade, seguia-se um breve comentário: “Ficámos surpreendidos, não porque um jovem de 14 anos fizesse versos, mas pela transcendência e preocupação dos temas, sobretudo os dois sonetos que não nos dizem nada dos catorze anos do poeta. Nota-se uma facilidade no tão difícil soneto, um fecho excelente, remate tão exigido neste género, que ficamos suspensos augurando a este poeta de catorze anos o melhor futuro na poesia, se não enveredar por maus caminhos.” Depois, o organizador da secção transcrevia apenas dois versos do poema “Cântico ao Sol” (de que gostara menos) e reproduzia na íntegra os dois sonetos – “Altíssimus!” e “Cruz”. Estes dois poemas seriam, no ano seguinte, incluídos no primeiro livro de Ary dos Santos, Asas (Lisboa, 1952), obra que foi prefaciada por Ramiro Guedes de Campos.
Excluindo os textos de cunho escolar, os dois mais antigos poemas de Sebastião da Gama são também sonetos, que se mantêm ainda inéditos: “Meu amor” (de 29 de Junho de 1939) e “Conselho” (de Julho do mesmo ano), ambos datados de quando o poeta de Azeitão tinha 15 anos.
Num e noutro poeta, a adolescência lançou pistas sobre o destino de ambos…
No seu nº 3 (Julho-Agosto.1951), colaboraram com poemas nomes como Luís Amaro, Natércia Freire, António de Navarro e Sebastião da Gama, entre outros, enquanto Lima de Freitas, Túlio Espanca e Sant’Anna Dionísio participaram com textos ensaísticos sobre arte. De Sebastião da Gama seria publicado o poema “Crepuscular”, datado de Estremoz (“1951, pelo São José”), postumamente inserido no seu livro Pelo sonho é que vamos (1953). No final da revista, na rubrica “Intercâmbio cultural” (dedicada a respostas a cartas dos leitores), um novíssimo (para a época) poeta se revelava, de seu nome José Carlos Ary dos Santos, que escrevera de Lisboa, referindo a revista: “Envia-nos este amigo uma carta em que se mostra interessado por Horizonte, animado pela nossa chamada aos novos. Conta apenas 14 anos e credencia-se com dois sonetos e um poema.”
Assim apresentada a novidade, seguia-se um breve comentário: “Ficámos surpreendidos, não porque um jovem de 14 anos fizesse versos, mas pela transcendência e preocupação dos temas, sobretudo os dois sonetos que não nos dizem nada dos catorze anos do poeta. Nota-se uma facilidade no tão difícil soneto, um fecho excelente, remate tão exigido neste género, que ficamos suspensos augurando a este poeta de catorze anos o melhor futuro na poesia, se não enveredar por maus caminhos.” Depois, o organizador da secção transcrevia apenas dois versos do poema “Cântico ao Sol” (de que gostara menos) e reproduzia na íntegra os dois sonetos – “Altíssimus!” e “Cruz”. Estes dois poemas seriam, no ano seguinte, incluídos no primeiro livro de Ary dos Santos, Asas (Lisboa, 1952), obra que foi prefaciada por Ramiro Guedes de Campos.
Excluindo os textos de cunho escolar, os dois mais antigos poemas de Sebastião da Gama são também sonetos, que se mantêm ainda inéditos: “Meu amor” (de 29 de Junho de 1939) e “Conselho” (de Julho do mesmo ano), ambos datados de quando o poeta de Azeitão tinha 15 anos.
Num e noutro poeta, a adolescência lançou pistas sobre o destino de ambos…
Uns bons anos mais tarde, Ary dos Santos encontrar-se-ia de novo com a poesia de Sebastião da Gama: em 1960, num recital de poesia organizado pela Casa do Pessoal da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, os textos de Sebastião da Gama foram lidos por Ary dos Santos e por Germana Tânger (dessa sessão se reproduz foto, onde ainda se pode ver Joana Luísa da Gama, esposa do poeta de Azeitão).
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