segunda-feira, 27 de abril de 2009

De que se fala quando se fala de "reformas" na educação?

No Público de hoje, é publicada uma “Carta ao Director”, assinada pelo leitor Manuel Brás, que, a propósito da conferência dada pela anterior secretária da Educação americana, Margaret Spellings, na Fundação Calouste Gulbenkian, e tomando como tema as reformas no ensino, escreve:
«Destacaria (…) a importância de sabermos averiguar, das muitas reformas a que o ensino está frequentemente sujeito, quem beneficia realmente com essas reformas, sempre ao abrigo de um "ensino de qualidade". A averiguação é muito simples e resume-se a uma pergunta: as reformas beneficiam os alunos ou os adultos? A resposta à pergunta diz tudo.
Quando em Portugal se fala num ensino de qualidade, isso significa o quê? Todos pensam imediatamente nas remunerações e na carreira docente, bem como na despesa pública com infra-estruturas e equipamentos. A teoria é simples: quanto mais dinheiro se gastar em equipamento escolar e educativo, maior é o sucesso. Portanto, a solução para o tal ensino de qualidade é gastar dinheiro e esperar pelos resultados.
Com efeito, é isto que sucede em boa medida em Portugal, com um sistema de ensino muito centralizado, estatizado e dominado pela ideologia.
Margaret Spelling deixou-nos algumas pistas: a variedade e o ajustamento dos curricula às circunstâncias dos alunos é fundamental para evitar o abandono; a Matemática, a leitura e a escrita fluentes e correctas são ferramentas insubstituíveis; as reformas devem ser ditadas pelo benefício da aprendizagem dos alunos e não pela carreira dos professores; o investimento de dinheiros (públicos) em infra-estruturas e equipamentos escolares, cujo impacto muitas vezes nem é avaliado, não garante, por si só, a finalidade de um ensino de qualidade para os alunos: a sua preparação intelectual, cultural, científica, profissional e humana, que se tem vindo visivelmente a degradar. (…)»

1 comentário:

Anónimo disse...

Não conheço Margaret Spellings mas estou de acordo com o que disse. As circunstâncias dos alunos é que deverão ditar o "como" contribuir para o seu benefício. E isto carece de pesquisa, de avaliação, de debate (também com quem está no terreno)... sem o que não saberemos como caminhar.
Mas que não é simplesmente pelo alargamento da escolaridade obrigatória, isso sabemos!
MCT