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Uma delas aconteceu na noite de ontem, no Clube Setubalense, intitulada “Sonhos em Sebastião da Gama”, promovida por Ermelinda Capoulas, professora na Escola Secundária Sebastião da Gama, e por um grupo de alunos das turmas B e F de 8º ano da mesma Escola, com o apoio da Associação Cultural Sebastião da Gama e da Câmara Municipal de Setúbal. O público era maioritariamente constituído pelos familiares dos jovens participantes.
Por ali passaram poemas vários e muitos excertos do Diário, numa selecção preparada e apresentada pelos alunos. E foi interessante ver o entusiasmo e o deslumbramento com que todos intervieram no desvendar e no partilhar de textos e de emoções. Simultaneamente, houve entrevista sobre o poeta e o professor, com perguntas a privilegiar a prática do professor que Sebastião da Gama foi – métodos, forma de disciplinar, relações com os alunos, percurso e especificidade da sua forma de agir – e houve o piano de Rui Serôdio a pontuar a musicalidade das palavras. A segunda parte foi integralmente ocupada com a intervenção do grupo coral da Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense, num reportório diversificado por onde passaram as toadas populares, a poesia de José Gomes Ferreira ou os espirituais.
No final, foi agradável notar o prazer dos alunos por terem conseguido partilhar o fruto do seu trabalho. Mas não menos interessante foi sentir o entusiasmo dos familiares, alguns surpreendidos com a capacidade do que o grupo conseguiu transmitir. E dizia-me um pai, que tinha sido aluno na Escola Secundária Sebastião da Gama, que foi bom ter vindo ali porque não imaginava a importância do patrono da Escola, porque não sabia quase nada sobre ele… e tinha sido graças à participação da filha que tinha acedido a um bocadinho desse saber.
Fosse pelo facto de ser professor, por ter sido poeta, por chamar a Arrábida para as suas mensagens ou por qualquer outra razão, certo é que os jovens envolvidos nesta actividade demonstraram acentuado entusiasmo com a obra de Sebastião da Gama, talvez a dar razão ao que um dia escreveu Arnaldo Saraiva (“Sebastião da Gama – Poeta da Arrábida e da juventude”. Horizonte – Revista Portuguesa de Cultura: Guarda, nº 49, Abril 1958) sobre este poeta: “A sua obra é a sua autobiografia, é a sua vida, ora mística, ora terrena; ora infantil e inocente, ora amadurecida e grave; ora fácil e feliz, ora dura e dolorosa; a sua vida simples, sincera, despretensiosa, mas sempre adolescente.”
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