A poesia para ser bonita não
precisa de grandes espaços; num livro de formato quadrado, com dez centímetros
de lado, cabe muita poesia, mesmo que seja em duas dúzias de páginas… tal como
acontece em Setúbal em poemas,
recentemente posto à venda (Setúbal: Liga dos Amigos do Forum Luísa Todi,
2012), projecto coordenado por Alexandrina Pereira e pelo franciscano Frei Miguel.
Pela referência bibliográfica
percebe o leitor a finalidade desta edição – um contributo para a conclusão das
obras do Forum Luísa Todi, em Setúbal, cuja inauguração está prevista para 15
de Setembro, dia da cidade e feriado municipal devido ao nascimento de Bocage,
ele próprio homem de poesia intensa.
Onze são os autores antologiados
– Fernando Paulino, José Raposo, Alexandrina Pereira, Maria do Carmo Branco,
Eduarda Gonçalves, Ilídio Gomes, Maria Fernanda Reis Esteves, Linda Neto,
Carlos Rodrigues, Manuel Raimundo e Manuela Matos Silva, quase todos eles com
obra já publicada em livro próprio, alguns deles apenas tendo passado por antologias
poéticas.
Outros tantos são os poemas, que
passam por marcas tão distintas quanto o Sado (“Escrevo com o teu olhar o rio”,
diz Fernando Paulino, ou “Olho-o / das muralhas do castelo / correndo para o
mar / muito mansinho”, na serenidade dos versos de Maria do Carmo Branco), a
cidade (“Tens razão quando dizes / Que os teus filhos são felizes / Por viverem
junto ao Sado / Cidade de encantos tais / de frondosos laranjais / Rainha do
peixe assado”, desabafa José Raposo), a aguarela da paisagem (“Balouçam
suavemente / os barquinhos multicores / dançando ao sabor da vida / são a
promessa cumprida / no olhar dos pescadores”, matiza Alexandrina Pereira), as
recordações (“A luz revela a miragem do sonho / Ternos laranjais / Guardados na
memória”, lembra Eduarda Gonçalves), a Arrábida (“A serra dá-lhe o cheiro a
rosmaninho”, no deslumbramento de Carlos Rodrigues).
O leitor passa por estes versos que
povoam tão diferentes escritas e não tem a certeza se é Setúbal que se vê em
poemas ou se são cantos de amor a Setúbal coados por poetas atentos, felizes
numa paisagem feliz.
Uma iniciativa de solidariedade
com uma obra necessária para a cidade. Um gesto que o Forum merece. E o
agradecimento numa mão-cheia de versos e de poesia.
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