quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Primeiro-Ministro citou "Os Lusíadas"...


O Primeiro-Ministro citou ontem Os Lusíadas numa homenagem a Adriano Moreira, dizendo que há “ventos favoráveis” a soprar nas velas portuguesas. A metáfora é bonita, mas não sei se haverá muita gente convencida disso…
É que, mesmo n’Os Lusíadas, os ventos favoráveis são atribuídos à ajuda de Vénus, a deusa protectora dos Portugueses. Questão de literatura, como se sabe, artística, pois! Nem os navegadores acreditavam em Vénus; pediam, isso sim, a protecção da “divina guarda”; o resto – o pormenor dos ventos, das calmas, das tempestades – era um assunto da Natureza.
Talvez o Primeiro-Ministro tenha lido o Público de ontem, que iniciou uma série de artigos sobre a relação dos Portugueses com o mar. E justamente o texto ontem publicado expunha como título “Continuamos esmagados pelos Descobrimentos?” Hoje, estaremos mais esmagados por todo este cenário de crise sobre crise que nos invade – e não me parece que seja só uma questão de vento…
No referido artigo ontem saído no Público, Vasco Graça Moura, um dos entrevistados sobre o tema, lembrava que “no discurso político há sempre um macaquear do discurso cultural”, pois fica sempre bem demonstrar a ligação das orientações políticas à identidade cultural de um povo. Resta saber se a viagem ajudada pelos ventos vai ser apenas uma aventura… É que o momento histórico que o Primeiro-Ministro escolheu para citar também teve muito de aventura e – é sabido! –, mesmo apesar dos “ventos favoráveis” que nos levaram ao Oriente nessa altura, Portugal não ficou economicamente mais rico depois dos Descobrimentos (e é de economia ou de dinheiro que se tem andado a falar)… 

1 comentário:

Anónimo disse...

O ventos podem ser favoráveis e posuirmos as velas a eles sujeitas .Só q entre estes dois elementos,ventos e velas, se torna essencial aplicar a "arte de marear",òbviamente q ela nos vai conduzir ao singrar da embarcação.
E é nesta conjugação q se avalia a arte do "homem do leme" que terá de responder à velha questão:q vontade o ata ao leme?(à roda ou à cana,do leme,já se vê!)
(Os poetas dizem cada coisa!para algo servem: macaquear!)
aqrosa