Monumento a S. Francisco Xavier (padroeiro de Setúbal), em Setúbal, por Soares Branco
[Foto: Quaresma Rosa]
Em 21 de Abril de 2001, foi inaugurado em Setúbal um monumento a S.Francisco Xavier, no Jardim da Beira-Mar, ideia surgida em 1989, aquando do início das celebrações dos "500 Anos de Evangelização" sob o lema do "Encontro de Culturas".
O monumento, em que o santo surge virado para a cidade, empunhando o crucifixo, parecendo acabado de desembarcar, numa figura sugestiva de movimento, é constituído por duas partes: a estátua do padre jesuíta sobre pedestal e, destacado, um arco a sobrepor-se à imagem. Na base da estátua, estão registados os nomes dos seus autores (Soares Branco, o escultor, e Fernando Nunes, o serralheiro); no pedestal, existem as inscrições relativas à efeméride e aos patrocínios ("5 Séculos de Evangelização / Diocese de Setúbal e Câmara Municipal / 1989 - 2001", na parte fronteira, e a indicação dos apoios recebidos de empresas e instituições diversas no lado oposto - "Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, Fundação Belmiro de Azevedo, Caixa Geral de Depósitos, Fundação Oriente, Governo de Macau, Solisform, Sigma Coatings, Tecor e Navigomes"). O arco, assinado pelo escultor e por Lasindustria e Paulo Ferreira, apresenta um conjunto de dez inscrições que resumem a vida do homenageado: "Nasce em Javier a 7 de Abril de 1506", "Mestre em Artes e Teologia - Universidade de Paris - 1530", "1534 - Junta-se a S.Inácio de Loiola", "Entra em Portugal por Setúbal - 1537", "Viaja para a Índia - 1540", "Aporta a Goa em 1541", "1549 - Missionou no Japão e Molucas", "3-12-1552 - Morre em Sanchão às portas da China", "S.Francisco Xavier sepultado e venerado em Goa" e "Patrono da cidade de Setúbal desde 1722". No meio da ordem destas inscrições, sobre a cabeça da figura, há uma invocação ao Espírito Santo, a atestar a santidade do evocado.
Na base da estátua, aos pés do santo, existe um símbolo associado à biografia milagrosa de S.Francisco Xavier - o caranguejo que lhe terá recuperado o crucifixo perdido. A história ter-se-á passado por 1546, quando o missionário se dirigia para a ilha de Baranura, e foi relatada pelo seu biógrafo Daurignac: "Bem depressa se declarou uma tempestade tal que os próprios marinheiros ficaram aterrados. Francisco Xavier toma o seu crucifixo, inclina-se sobre a borda do barco para o mergulhar naquele mar em fúria... e o crucifixo escapa-lhe da mão! O santo apóstolo mostra-se em extremo consternado por aquela perda". Continua o narrador dizendo que, na manhã seguinte, já na ilha de destino, "o padre Xavier, acompanhado de Rodrigues, dirigia-se para o Bairro de Tálamo, seguindo pelo litoral, quando, depois de terem caminhado uns quinhentos passos, proximamente, viram sair do mar e vir para eles um caranguejo trazendo entre as suas garras, que tinha levantadas, o crucifixo de Francisco Xavier". O biógrafo deixou que a emoção tomasse conta do momento do encontro do animal com o santo: "O caranguejo vai direito ao Santo apóstolo e pára junto dele. Xavier ajoelha-se, prostra a fronte em terra, toma o seu amado crucifixo que lhe será dali em diante muito mais precioso, beija-o com todo o amor e reconhecimento de que está cheio o seu coração, e o caranguejo, voltando sobre os seus passos, desapareceu nas ondas". É o mesmo Daurignac que relata terem os índios descoberto, mais tarde, "um caranguejo duma espécie desconhecida, trazendo uma cruz latina sobre a concha", a que chamaram "caranguejo de S.Francisco Xavier".
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