As turmas A, B, C e D de 9º ano da Escola Secundária D. João II, em Setúbal, fizeram entrevistas para saber como foram vividos pelos setubalenses os verões na Tróia no período entre 1950 e 1974. Dessa procura, feita no âmbito da disciplina de História, resultou o livro agora publicado Quando a Tróia era do Povo (Setúbal: Escola Secundária D. João II, 2009), que tem coordenação de uma equipa de professores constituída por Jaime Pinho, Maria José Simas, Alberto Lopes, Isabel Duarte, Luísa Ramos e Álvaro Arranja.
O título atribuído à colectânea divide o tempo da Tróia em dois segmentos: aquele em que “a Tróia era do povo”, passado, popular, bem evidenciado no título e, pela adesão, comprovado nos testemunhos recolhidos e publicados, e um tempo de agora, não referido mas sugerido, em que, supostamente, a Tróia não será “do povo”. Fica, pois, uma sensação de perda de um espaço e de um tempo, vivo na memória e materializado na escrita.
Ao longo da cerca de uma centena de páginas, passam testemunhos sobre a paisagem (dunas, flora, fauna, casas), sobre os quotidianos (vendedores ambulantes, convívio, vestuário, dormidas, higiene, alimentação), sobre retratos sociais (dos habitantes de Setúbal, Azeitão, Palmela e Pinhal Novo ao primeiro turismo). Pelos testemunhos mostrados passa um rememorar o vivido, encarado de um ponto de vista pessoal, em jeito de lembrança de outros tempos que eram diferentes dos de agora.
Um último capítulo aborda algumas páginas do periódico O Setubalense que noticiaram o veraneio em Tróia na mesma época. Não sendo um texto de análise, pretende, de alguma forma fazer a junção entre o título do livro e os testemunhos que foram recolhidos e não será por acaso que essa recolha na imprensa conclui com o gesto de Américo Tomás, Presidente da República, a intensificar “as suas visitas e o seu apoio aos projectos de urbanização da Tróia”. Esta conclusão liga-se, de resto, à ideia com que Jaime Pinho inicia o seu texto de abertura – “Os verões na Tróia: antes da era do betão”.
É uma recolha interessante pelo que nos traz como trabalho de memória, revelador dessa forte ligação das populações ao rio, ao mar e a Tróia, uma ligação que quase prolonga Setúbal para lá do Sado. É uma recolha interessante pela capacidade de levar as pessoas a testemunharem o vivido e por ter saído de um trabalho organizado pela escola, levando os jovens a mergulhar no passado que é a história de famílias e que marcou a identidade desta região. É uma recolha interessante pelo que pode sugerir de interligação entre a Escola e a comunidade. Provavelmente, a leitura sugerida a partir do título do livro e do texto introdutório são um tanto forçadas, na medida em que, podendo ser verdade o que sugerem, o conteúdo das intervenções e dos testemunhos não o sustenta…
O título atribuído à colectânea divide o tempo da Tróia em dois segmentos: aquele em que “a Tróia era do povo”, passado, popular, bem evidenciado no título e, pela adesão, comprovado nos testemunhos recolhidos e publicados, e um tempo de agora, não referido mas sugerido, em que, supostamente, a Tróia não será “do povo”. Fica, pois, uma sensação de perda de um espaço e de um tempo, vivo na memória e materializado na escrita.
Ao longo da cerca de uma centena de páginas, passam testemunhos sobre a paisagem (dunas, flora, fauna, casas), sobre os quotidianos (vendedores ambulantes, convívio, vestuário, dormidas, higiene, alimentação), sobre retratos sociais (dos habitantes de Setúbal, Azeitão, Palmela e Pinhal Novo ao primeiro turismo). Pelos testemunhos mostrados passa um rememorar o vivido, encarado de um ponto de vista pessoal, em jeito de lembrança de outros tempos que eram diferentes dos de agora.
Um último capítulo aborda algumas páginas do periódico O Setubalense que noticiaram o veraneio em Tróia na mesma época. Não sendo um texto de análise, pretende, de alguma forma fazer a junção entre o título do livro e os testemunhos que foram recolhidos e não será por acaso que essa recolha na imprensa conclui com o gesto de Américo Tomás, Presidente da República, a intensificar “as suas visitas e o seu apoio aos projectos de urbanização da Tróia”. Esta conclusão liga-se, de resto, à ideia com que Jaime Pinho inicia o seu texto de abertura – “Os verões na Tróia: antes da era do betão”.
É uma recolha interessante pelo que nos traz como trabalho de memória, revelador dessa forte ligação das populações ao rio, ao mar e a Tróia, uma ligação que quase prolonga Setúbal para lá do Sado. É uma recolha interessante pela capacidade de levar as pessoas a testemunharem o vivido e por ter saído de um trabalho organizado pela escola, levando os jovens a mergulhar no passado que é a história de famílias e que marcou a identidade desta região. É uma recolha interessante pelo que pode sugerir de interligação entre a Escola e a comunidade. Provavelmente, a leitura sugerida a partir do título do livro e do texto introdutório são um tanto forçadas, na medida em que, podendo ser verdade o que sugerem, o conteúdo das intervenções e dos testemunhos não o sustenta…
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