terça-feira, 11 de abril de 2017

Memória: Maria Helena da Rocha Pereira (1925-2017)



Não fui aluno de Maria Helena da Rocha Pereira (1925-2017), mas, enquanto interessado na cultura e na literatura portuguesas, socorri-me dos seus estudos sobre a cultura clássica e, particularmente, dessas duas obras-antologias que são Hélade - Antologia da Cultura Grega e Romana - Antologia da Cultura Latina. Esta última, registo contente, em 3ª edição (Coimbra: Universidade de Coimbra, 1994), tem o seu autógrafo, numa impecável caligrafia, a acompanhar a seguinte dedicatória: “Ao Mestre dos Mestres Professor Doutor Orlando Ribeiro, afectuosamente” (obtive o exemplar em alfarrabista lisboeta há uma dúzia de anos).
A “Advertência Preliminar” a esta edição de Romana, fecha com um desejo: “Possa esta segunda versão da antologia, ainda que limitada e imperfeita, contribuir para dar uma visão mais completa dos pilares em que assenta grade parte da cultura ocidental”. Sublinho a modéstia e humildade, por um lado, e a dívida do Ocidente à cultura clássica, por outro. Não que o não soubéssemos, mas a professora Maria Helena da Rocha Pereira sempre fez desse reconhecimento devedor uma máxima e uma constante, tanto mais de ser lembrado quanto o declínio da cultura clássica no estudo das Humanidades tem sido galopante (veja-se o que sucedeu no ensino secundário nos últimos anos de degradação do estudo das línguas latina e grega...)! Felizmente, começa a surgir um horizonte melhor para essa área!...
E, já agora, o final do prefácio da 1ª edição de Hélade (reproduzido na 2ª edição, em 1963) junta a simplicidade com a alegria da leitura dos clássicos: “Cumpre-me desejar que as páginas que vão seguir-se, a despeito de todas as imperfeições que possam manchá-las, proporcionem longas horas de prazer espiritual”. Haverá melhor contentamento para um leitor?
Pelo contributo dado à cultura portuguesa e pelas portas que nos abriu, muito obrigado, Senhora Professora!

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