“Reparo
desde pequena que os adultos vivem muito em casais. Mesmo que não sejam óbvios,
porque algumas pessoas têm par mas andam avulsas como as solteiras (…)” Assim
se inicia o recente livro de Valter Hugo Mãe, O Paraíso são os outros (Porto: Porto Editora, 2014).
E
as observações da menina narradora seguem o caminho da visão do amor,
acompanhado pelas ilustrações de Esgar Acelerado. A primeira frase convida-nos
para a seguinte, a seguinte, a seguinte. E cada uma delas revela-se pela beleza
da simplicidade, mostra-se repleta de sentido, dá um contributo para que o amor
se apresente, ondule nos gestos de vida. Um livro bonito sobre os afectos,
sobre a simplicidade dos afectos, sobre a vitória dos afectos. Entusiasma!
Sublinhados
Amar – “As pessoas que amam estão sempre com ar de urgência, porque têm
saudades quando não estão acompanhadas e sentem uma euforia bonita quando estão
juntas.”
Amor – “O amor é um sentimento que não obedece nem se garante. Precisa de
sorte e, depois, de empenho. Precisa de respeito. Respeito é saber deixar que
todos tenham vez. Ninguém pode ser esquecido.”
Feio – “Ser feio é complexo e pode ser apenas um problema de quem observa.”
Esperança – “A esperança parece inventada pela espera.”
Tristeza – “[A tristeza] é como algo descartável. Precisamos
de usar mas não é bom ficar guardada.”
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