Tempo – "O tempo perde importância à medida que escasseia. Quanto mais escasso menos valioso. Deve ser a única coisa que vale menos à medida que se torna mais rara."
Vida – "Quase todas as vidas dariam maus livros por causa das verdades absurdas de que se fazem.”
Reparar – "Não se repara no que se viu fazer desde sempre."
Passado – "Os passados só se tornam acessíveis se os mapas os assinalarem e se para lá houver caminhos.”
Assinatura – "A nossa letra compromete-nos quase tanto como o nosso sangue. Um nome assinado torna-nos proprietários. Ou desapossa-nos. Riscos feitos por uma mão. Riscos que não valem nada e que afinal são os que os fazem."
Livros – "Os livros oferecem-se sem escolha a todos os que os quiserem ler. E, se redimem, fazem-no de forma tão caótica e tão insondável que ninguém poderá ter nisso qualquer esperança. Talvez os livros escrevam direito por linhas tortas. Como Deus."
Dulce Maria Cardoso. "A Biblioteca". O Prazer da Leitura. Lisboa: Teodolito / FNAC, 2011, pp. 101-119.
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