Na disciplina de Investigação Criminal e Gestão do Inquérito ministrada no Centro de Estudos Judiciários, terá havido copianço no teste e houve a decisão de a todos os candidatos ser atribuída a nota 10, segundo os jornais de ontem.
Depois disto, vemos as justificações: “não fazer nada e branquear a situação não era razoável”, “repetir o teste era praticamente impossível”, “houve um conjunto extenso de alunos que não copiou”, “excluir toda a gente do curso era inimaginável”. Quatro razões para a atribuição de 10, devidas a um responsável do CEJ, reproduzidas no Jornal de Notícias.
A decisão colheu adeptos. E um representante da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, ainda segundo o mesmo jornal, explicou que esta opção “equivaleu a anular a função classificativa do teste e não deixou de obrigar as pessoas a prepararem-se para o teste.”
Com estes argumentos, nem valeria a pena haver testes! Só pelo facto de os formandos estarem inscritos e irem às sessões já deviam ter, no mínimo, 15 (na escala de 0-20), imagina-se! É por argumentos destes que apetece não insistir na honestidade ou na verticalidade, sob pena de sermos considerados retrógrados… e é o convite a este facilitismo que domina a sociedade, ainda que, paradoxalmente, depois se não acredite em quem se formou à custa destes esquemas…
Afinal, copiar num teste ou num exame é ou não é fraudulento? E a fraude é ou não é punível?
O mais curioso é isto passar-se justamente no âmbito da justiça, onde nem devia ser imaginado! Com tais exemplos, qualquer aluno de 9º ou de 12º ano que, a partir do dia 20, esteja em exames tem direito a reclamar o direito ao copianço a troco da positiva mínima. É a lei da analogia… Ah, mas esses não podem, porque a norma dos Exames Nacionais diz que…
Por outro lado, o argumento do representante da ASJP, segundo o qual “pode ter havido algum equívoco, da parte [dos candidatos], sobre a natureza individual do teste”, também não colhe – é que até os jovens do 9º e do 12º anos têm de saber que os testes são individuais (tenham ou não cruzinhas) e não se confundem com trabalhos de pares ou de grupo!
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