A revista “Única”, que saiu com o Expresso de hoje, traz uma entrevista com Nuno Júdice feita por Clara Ferreira Alves, que vale a pena ler. Por lá perpassa o mundo e o compromisso do escritor, o papel das livrarias na leitura, a literatura actual, os valores da literatura portuguesa e os seus nomes esquecidos, o acordo ortográfico… São palavras de poeta, de professor, de teórico, de leitor e de pensador aquelas que Nuno Júdice nos deixa e de que destaco alguns exemplos.
Livrarias – «As livrarias perderam a função de estimular o leitor, encaminhá-lo para a escolha apropriada, pela qualidade do livro. Os livreiros dantes tinham esse conhecimento da vida literária.»
Liberdade – «Nunca vivemos tão livres, mas o pensamento é hoje muito pouco livre.»
Cânones – «Hoje, o cânone é o do mercado. O que obedece a uma construção a que o leitor estará habituado. Se o escritor quiser vender (…) embora muitos desses livros até possam ser bem construídos. Coerentes. São superficialmente obras literárias, mas estarão para a literatura como o McDonald’s está para a gastronomia. O que estamos a consumir como literatura são produtos em série. Nada a ver com a invenção, a criação literária. O que o escritor tem de fazer é romper com as normas, ir além das normas. Como aconteceu antes.»
Leitura e literatura – «A literatura desapareceu da terminologia do português. Tem de haver um mínimo de leitura obrigatória que corresponda a uma ideia de história da literatura. Ler só contemporâneos não faz sentido, porque se perde o que está por detrás, o fio condutor.»
Sem comentários:
Enviar um comentário