Ontem, pelas 15h00, no auditório da APEL, na Feira do Livro, em Lisboa, aconteceu a entrega dos prémios do concurso "Ler prazer, ler pra ser", promovido pelo Plano Nacional de Leitura (PNL), em cerimónia presidida pelo Ministro da Cultura (Luís Filipe Castro Mendes), pela Comissária do PNL (Teresa Calçada) e por representante da Rede de Bibliotecas Escolares.
A vencedora do prémio no escalão do 3ª Ciclo do Ensino Básico foi Adriana Martins Ferreira da Costa Rodrigues, aluna do 8º ano na Escola Secundária de Palmela, que, ao agradecer, referiu que um livro pressupõe sempre uma diversidade de leituras e que a escola não pode incentivar a leitura com uma visão única sobre um livro, porque "uma história nunca é a preto e branco".
Adriana Rodrigues esteve acompanhada pelos pais, pela professora responsável da Biblioteca da Escola (Maria José Ribeiro) e por mim (por delegação da Direcção). Aqui reproduzo a intervenção que fiz no momento de atribuição do prémio à jovem palmelense (era suposto cada professor representante intervir num tempo máximo de três minutos):
Deixem-me
começar com três versos sobre poesia: “A poesia é uma conversa / que só tem
lugar quando ninguém está a ouvir. / É talvez uma dança ante o silêncio de
Deus.” Estes versos, do livro Outro
Ulisses Regressa a Casa, são de Luís Filipe Castro Mendes e creio que não
os despersonalizamos se aplicarmos a magia que deles irradia à leitura, ao
prazer de ler. Todos os livros esperam por leitores para se afirmarem, para com
eles dialogarem, para nos acompanharem.
A
leitura deve ser um imperativo de cidadania, algo que contribui para a nossa
autonomia e para a construção de um mundo mais aprazível. Ler prazer, ler p’ra
ser. Não por acaso, Sebastião da Gama, poeta e professor, no seu Diário, registou as experiências que
considerava fundamentais com os seus alunos nas aulas de Português – além da
questão do relacionamento, intensa era a relação com a escrita e com a leitura.
Levar os alunos ao ato de ler, de saberem ler, era uma forma de ajudar o
bem-estar deles, de os fazer descobrir valores, de os levar à descoberta do
mundo.
Foi
o mesmo Sebastião da Gama que, nesse Diário,
transcreveu um magnífico poema do chileno Rafael Heliodoro Valle, intitulado
“Oração ao Livro”, em que, a dado passo, diz: “Dá-nos, Senhor, o livro que
todos podem ler, que seja para todos como o sol e todos o entendam como a água,
que nos ilumine neste longo caminho que se chama vida – queremos luz –, que nos
levante desta terra em que nos arrastamos – queremos asas.”
A
história que a Adriana da Costa Rodrigues, aluna de 8º ano da nossa Escola, nos
conta em 14 segundos consegue transmitir toda esta magia, toda esta capacidade
que a leitura tem. E é por esse caminho que tentamos ir – o de incentivar a
leitura (mesmo sabendo que a concorrência é difícil) e o de levar os alunos a
experimentarem a literatura nos seus trabalhos de escrita (e é por isso que
editamos anualmente uma antologia dos melhores textos dos nossos alunos). O
contributo da Adriana dará, por certo, uma ajuda neste caminho. Por isso,
parabéns, Adriana, em nome da Escola! E parabéns também ao Plano Nacional de
Leitura pela missão de ajuda que tem tido com as escolas ao longo dos tempos!
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