segunda-feira, 14 de abril de 2014

Monumentos aos Combatentes da Grande Guerra e do Ultramar em livro



São três centenas e meia de páginas de registo fotográfico aquelas que constituem a obra Monumentos aos Combatentes da Grande Guerra e do Ultramar, produzida pela Liga dos Combatentes (Lisboa: 2013), divulgando pouco mais de trezentas evocações de arte pública sobre o tema, sendo que um terço se relaciona com a Grande Guerra e as restantes com as campanhas no Ultramar, embora alguns dos monumentos correspondam à memória de uns e de outros.
Nas palavras do general Chito Rodrigues, presidente da Liga dos Combatentes, constantes no “Proémio”, a justificação da obra é pertinente: “que este livro seja inspirador do estudo da História, da promoção do amor à Pátria, em especial junto da juventude, bem como da defesa intransigente dos valores morais e históricos de Portugal.”
Os monumentos são documentos importantes para se atestar a memória de um povo. E praticamente não há recanto de Portugal que não possua o seu busto, a sua estátua, num desafio à acção do tempo e num perpetuar de uma obra válida. No que respeita aos combatentes, essa presença é demasiadamente evidente, associando com frequência o monumento a propósito à toponímia.
Esta obra dá conta dessa intensa presença dos combatentes na memória, construída sobre fotos existentes no acervo da Liga dos Combatentes, organizadas por distrito e, em cada um deles, por ordem alfabética das localidades, divididas essas obras de arte pública nos grupos dos combatentes da Grande Guerra e dos combatentes do Ultramar.
Interessante do ponto de vista de recolha e levantamento das obras existentes (o esforço de registo trouxe mesmo ao leitor a listagem dos monumentos portugueses no estrangeiro), o livro poderia conter alguma informação condensada sobre cada uma das obras apresentadas que fosse além da indicação do autor do projecto e do ano de inauguração, dados que nem estão presentes em todos os casos.
Da lista dos monumentos alusivos à Grande Guerra são os seguintes os marcos apresentados: a) Aveiro: Anadia (1929), Aveiro (1934), Espinho (1957), Espinho – Regimento de Engenharia 3 (sem data), Estarreja (1922), Ílhavo (1924), Murtosa (1929), Oliveira de Azeméis (1930), Oliveira do Bairro (1926), Ovar (1925), São João da Madeira (1937) e Vagos (1923); b) Braga: Barcelos (1930), Braga (s.d.), Fafe (1931), Vila Nova de Famalicão (1927) e Vila Verde (1931); c) Bragança: Bragança (1928); d) Castelo Branco: Castelo Branco (1924), Covilhã (1930) e Penamacor (1921); e) Coimbra: Coimbra (1932), Condeixa a Nova (1921), Figueira da Foz (1928), Lousã (1927), Mira (1932), Oliveira do Hospital (1935), Penacova (s.d.), Penela (s.d.), São Pedro de Alva (s.d.), Soure (1934) e Vila Nova de Oliveirinha (1941); f) Évora: Estremoz (1941), Évora (1933), Évora – Regimento de Artilharia Ligeira 3 (s.d.), Montemor o Novo (1923), Reguengos de Monsaraz (s.d.) e Vendas Novas (1927); g) Faro: Lagos (1940) e Tavira (1933); h)Guarda: Almeida (1940), Guarda (1940), Pinhel (1922) e Vila Nova de Foz Coa (s.d.); i) Leiria: Batalha (1921), Caldas da Rainha (na Escola de Sargentos do Exército, 1953), Cortes (1919, o mais antigo em Portugal, de acordo com os registos das datas indicados), Leiria (1929), Marinha Grande (1935), Monte Redondo (s.d.) e São Mamede (s.d.); j) Lisboa: Alenquer (1959), Arruda dos Vinhos (1929), Cascais (1925), Lisboa (1931), Lisboa – Alto de S. João (1929), Lisboa (Regimento de Artilharia Ligeira (1987), Lisboa – Regimento de Engenharia 1 (s.d.), Loures (1929), Oeiras (1940) e Sintra (1940); k) Portalegre: Elvas (1938) e Portalegre (1935); l) Porto: Marco de Canavezes (1927), Penafiel (1927), Porto (1928), Póvoa de Varzim (1933), Vila do Conde (1932) e Vila Nova de Gaia (1925); m) Santarém: Abrantes (1940), Cartaxo (1922), Mação (1938), Santarém (1932), Tancos – Escola Prática de Engenharia (s.d.), Tomar (1932), Torres Novas (1927) e Vila Nova da Barquinha (1936); n) Setúbal: Palmela (2012, o mais recente memorial em homenagem aos mortos da Grande Guerra, particularmente aos naturais do concelho), Seixal (1934) e Setúbal (1931); o) Viana do Castelo: Valença (1951) e Viana do Castelo (1922); p) Vila Real: Chaves (1922), Mondim de Basto (1930) e Vila Real (s.d.); q) Viseu: Lamego (1932), Tondela (s.d.) e Viseu (1928); r) Açores: Ponta Delgada (1936) e Vila do Porto (1929); s) Madeira: Funchal (1936). Na Figueira da Foz, consta ainda o monumento a António Gonçalves Curado, o primeiro soldado português a morrer na Flandres. A lista é ainda completada com os monumentos portugueses no estrangeiro: a) Angola: Gabela (s.d.), Luanda (1934), Luena (s.d.) e Môngoa (s.d.); b) França: Ambleteuse (1919, com a indicação de ser o “primeiro monumento erguido no mundo em memória dos combatentes da Grande Guerra”, iniciativa da Cruz Vermelha Portuguesa em 30 de Junho de 1919), La Couture (1928) e Richebourg – L’Avoué (dois, s.d.); c) Macau (1938); d) Moçambique: Maputo (1929) e Mecula (s.d.).
A lista dos monumentos alusivos aos combatentes do Ultramar compreende os seguintes, grande parte deles erigidos no século XXI: a) Aveiro: Anadia (sem data), Antes (2009), Arouca (2010), Castelo de Paiva (2000), Dornelas (2009), Ílhavo (2008), Oliveira de Azeméis (2001), Oliveira do Bairro (2005) e Sever do Vouga (s.d.); b) Beja: Beja (2009), Castro Verde (2002 e 2011), Cuba (1997), Mértola (2013), Moura (2010) e São Teotónio (2011); c) Braga: Barcelos – Oliveira (2008), Cabeceiras de Basto (2005), Esposende (2011), Esposende – Antas (s.d.), Fafe (2005) e Louredo (2013); d) Bragança: Bragança (2004), Mirandela (2006) e Torre de Moncorvo (2013); e) Castelo Branco: Belmonte (2005), Orjais (2008), Penamacor (2011), Silvares (1976), Teixoso (2008), Tortosendo (2002), Unhais da Serra (s.d.) e Vila Velha de Ródão (2008); f) Coimbra: Arganil (2004), Cantanhede (2005), Carapinha (2010), Coimbra (1971), Cordinhã (2009), Covas (s.d.), Figueira da Foz (2009), Góis (2005), Midões (2008), Pomares (2006) e Tábua (2007); g) Évora: Borba (2007), Mora (2010) e Reguengos de Monsaraz (2001); h) Faro: Albufeira (2008), Faro (2009), Lagoa (1993), Olhão (2013) e Vila Real de Santo António (2011); i) Guarda: Aguiar da Beira (s.d.), Forninhos (2011) Freixo (2012), Gouveia (2011), Guarda (s.d.), Horta do Douro (2012), Manteigas (2007), Mêda (2004), Sabugal (2012), Santo Estêvão (2012), Seia (2008), Seixas (2012), Vale de Espinho (s.d.) e Vila Nova de Foz Coa (2011); j) Leiria: A-do-Barbas (2009), Abiul (2012), Alcobaça (2001), Almoinha Grande (2004), Alvados (2013), Alvorninha (2013), Arrimal (2012), Atouguia da Baleia (2009), Bajouca (2012), Barreira (2010), Benedita (2010), Burinhosa (1988), Leiria (1966 e 2009), Maiorga (1973), Marinha Grande (1965), Marrazes (2011), Moita (s.d.), Monte Real (2013), Ortigosa (2010), Pataias (2005), Pedrógão Grande (s.d.), Pombal (2006), Reguengo do Fetal (s.d.), Santa Catarina da Serra (2012), São Martinho do Porto (2009) e Souto da Carpalhosa (2009); k) Lisboa: Aveiras de Cima (2002), Azambuja (1973), Azueira (2011), Cadaval (2013), Carnaxide (1972), Cascais (1972), Covas de Ferro (2013), Encarnação (2002), Igreja Nova (2009), Lisboa (1994), Lisboa – Regimento de Lanceiros (1987), Lisboa – Regimento de Transportes (1987), Lourinhã (2005), Mafra (1988), Moledo (2005), Oeiras (1997) e Torres Vedras (2003); l) Portalegre: Elvas (2008), Gavião (2009), Sousel (1964) e Vila Boim (2009); m) Porto: Águas Santas (2005), Amarante (s.d.), Arcozelo (s.d.), Ermesinde (2009), Fânzeres (1971 e 2008), Felgueiras (2009), Freamunde (s.d.), Lavra (2009), Lixa (2009), Lousada (2008), Marco de Canavezes (2005), Matosinhos (2011), Paranhos (2010), Paredes (2009), Santo Tirso (2002), Senhora da Hora (2013), Vila Chã (s.d.), Vila do Conde (2010) e Vila Meã (2012); n) Santarém: Almeirim (2009), Arronquelas (2009), Chamusca (1982), Entroncamento (2005), Fátima (1997), Glória do Ribatejo (2013), Lapa (2011), Mação (2009), Malaqueijo (2013), Marinhais (2008), Ourém (1991), Rio Maior (2005), Tancos (1968), Tomar – Regimento de Infantaria 15 (s.d.), Rodrigos (1974) e S. Sebastião (2013); o) Setúbal: Alcácer do Sal (2013), Pinhal Novo (2012) e Sesimbra (2008); p) Viana do Castelo: Barroselas (2001), Monção (2008 e 2012), Vila Nova de Cerveira (2008) e Vila Praia de Âncora (2009); q) Vila Real: Chaves – Regimento de Infantaria (s.d.), Mondim de Basto (2001), Montalegre (2005), Ribeira de Pena (2009), Sanfins do Douro (2005), Valpaços (2011) e Vila Real (2000); s) Viseu: Beijós (2008), Campia (1999), Canas de Senhorim (2009), Currelos (2007), Mangualde (2010), Nagosela (2012), Penedono (2011), Repeses (2001), Santa Comba Dão (2010), Santar (2005), Tondela (2002) e Vila Chã da Beira (1966); t) Açores: Angra do Heroísmo (2000), Horta (2005), Lagoa (2004), Lajes do Pico (2007), Madalena do Pico (2011), Ponta Delgada (2005), Praia da Vitória (1997), Santa Cruz da Graciosa (2010), S. Mateus da Calheta (2001), S. Roque do Pico (2005), Terra Chã (2004) e Vila Nova do Corvo (2004); u) Madeira: Funchal (2003), Machico (2013) e S. Vicente (2013). A lista é ainda preenchida com os monumentos portugueses no estrangeiro: a) Bósnia; b) Canadá: Toronto (2010), Winnipeg (2009); c) Estados Unidos: Lowell (2000). O monumento mais antigo será, em concordância com as datas fornecidas, o de Sousel, de 1964; no ano de 2013, várias localidades foram contempladas com um monumento em memória dos Mortos do Ultramar.
O livro fecha com a força da palavra memória, fotografada a partir de uma inscrição e registada na contracapa: "À memória de todos os soldados que morreram ao serviço de Portugal".

3 comentários:

Unknown disse...

Viva, desde já um bem haja pela divulgação desta obra que de certo em muito contribui para o conhecimento geral sobre os memoriais portugueses da Grande Guerra e da Guerra Colonial.
Eu ando a proceder ao levantamento de todos os Monumentos que Portugal dedicou aos Mortos na Grande Guerra, pelo que ao ver esta listagem surgiram alguns que desconhecia. Se conseguisse fornecer-me as restantes informações contidas no livro sobre os seguintes ficava-lhe grato:
-Alenquer
-Batalha
-Lousã
-São Mamede
-São Pedro de Alva
-Vila Nova de Gaia
-Vila Nova de Foz Coa

Muito obrigado e um bem haja!
Gonçalo Dias

João Reis Ribeiro disse...

Caro Amigo,
A obra que refiro - e sobre a qual escrevi - limita-se, na maioria dos casos que indicou, a reproduzir a fotografia e a mencionar a localidade. Em Alenquer e na Lousã, inscrições memoriais; na Batalha, túmulo do "Soldado Desconhecido"; em São Mamede, monumento com um militar; em V N Gaia, um padrão no Regimento de Artilharia da Serra do Pilar; nos outros casos, um padrão.
Melhor será contactar os núcleos locais da Liga dos Combatentes, que poderão dar indicações mais precisas.
Bom trabalho!

Unknown disse...

Muito obrigado pela sua atenção caro amigo.
Partindo destes dados já conseguirei apurar mais algumas informações.
Um bem haja!
Gonçalo Dias