quinta-feira, 10 de abril de 2014

Alves Redol inicia "Livros Proibidos" no "Público"



Com a edição do Público de hoje começou a ser publicada a colecção “Livros Proibidos”, de autores portugueses, em edições facsimiladas, cada uma delas inserindo o relatório do censor em que a proibição é justificada. Obras com primeira edição surgida entre a década de 1930 e a de 1960, todas demonstram até onde iam os argumentos da censura, que zelava pela manutenção da ordem e dos bons costumes.
A lista compreende treze títulos, com saída a ritmo semanal, e foi iniciada com Gaibéus, de Alves Redol, impresso no final de 1939. Considerado hoje um dos títulos mais importantes do Neo-Realismo, este romance de Redol foi proibido por despacho de 26 de Abril de 1940, dizendo o censor estar-se perante “um autor de forte poder de análise”, com um livro que, “além de juntar a cores fortes um quadro de miséria dolorosa, foca também o aspecto social do drama dos humildes ceifeiros”. Como resultado, não se está perante “um livro revolucionário porque os personagens são humildes mesmo perante a brutalidade dos capatazes”, mas… o último parágrafo do parecer justifica a proibição: é que “há páginas neste livro que chocam pelo realismo, que nalgumas se transforma em pornografia e prejudiam o seu incontestável valor.”
Os outros doze títulos que compõem a série são: Histórias de Amor (1952), de José Cardoso Pires (em 17 de Abril); Fátima: Cartas ao Cardeal Cerejeira (1955), de Tomás da Fonseca (em 24 de Abril); Povo (1947), de Afonso Ribeiro (em 1 de Maio); Quando os Lobos uivam (1958), de Aquilino Ribeiro (em 8 de Maio); O Encoberto (1969), de Natália Correia (em 15 de Maio); Vagão J (1946), de Vergílio Ferreira (em 22 de Maio); Rã no Pântano (1959), de António de Almeida Santos (em 29 de Maio); Minha Cruzada Pró-Portugal: Santa Maria (1961), de Henrique Galvão (em 5 de Junho); Um Auto para Jerusalém (1964), de Mário Cesariny de Vasconcelos (em 12 de Junho); Diário VIII (1959), de Miguel Torga (em 19 de Junho); Refúgio Perdido (1950), de Soeiro Pereira Gomes (em 26 de Junho); Escritos Políticos (1969), de Mário Soares (em 3 de Julho).

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