São três centenas e meia de páginas de registo
fotográfico aquelas que constituem a obra Monumentos
aos Combatentes da Grande Guerra e do Ultramar, produzida pela Liga dos
Combatentes (Lisboa: 2013), divulgando pouco mais de trezentas evocações de
arte pública sobre o tema, sendo que um terço se relaciona com a Grande Guerra
e as restantes com as campanhas no Ultramar, embora alguns dos monumentos
correspondam à memória de uns e de outros.
Nas palavras do general Chito Rodrigues, presidente da
Liga dos Combatentes, constantes no “Proémio”, a justificação da obra é
pertinente: “que este livro seja inspirador do estudo da História, da promoção
do amor à Pátria, em especial junto da juventude, bem como da defesa
intransigente dos valores morais e históricos de Portugal.”
Os monumentos são documentos importantes para se
atestar a memória de um povo. E praticamente não há recanto de Portugal que não
possua o seu busto, a sua estátua, num desafio à acção do tempo e num perpetuar
de uma obra válida. No que respeita aos combatentes, essa presença é
demasiadamente evidente, associando com frequência o monumento a propósito à
toponímia.
Esta obra dá conta dessa intensa presença dos
combatentes na memória, construída sobre fotos existentes no acervo da Liga dos
Combatentes, organizadas por distrito e, em cada um deles, por ordem alfabética
das localidades, divididas essas obras de arte pública nos grupos dos combatentes
da Grande Guerra e dos combatentes do Ultramar.
Interessante do ponto de vista de recolha e
levantamento das obras existentes (o esforço de registo trouxe mesmo ao leitor
a listagem dos monumentos portugueses no estrangeiro), o livro poderia conter
alguma informação condensada sobre cada uma das obras apresentadas que fosse
além da indicação do autor do projecto e do ano de inauguração, dados que nem
estão presentes em todos os casos.
Da lista dos monumentos alusivos à Grande Guerra são
os seguintes os marcos apresentados: a) Aveiro: Anadia (1929), Aveiro (1934),
Espinho (1957), Espinho – Regimento de Engenharia 3 (sem data), Estarreja
(1922), Ílhavo (1924), Murtosa (1929), Oliveira de Azeméis (1930), Oliveira do
Bairro (1926), Ovar (1925), São João da Madeira (1937) e Vagos (1923); b) Braga:
Barcelos (1930), Braga (s.d.), Fafe (1931), Vila Nova de Famalicão (1927) e
Vila Verde (1931); c) Bragança: Bragança (1928); d) Castelo Branco: Castelo
Branco (1924), Covilhã (1930) e Penamacor (1921); e) Coimbra: Coimbra (1932),
Condeixa a Nova (1921), Figueira da Foz (1928), Lousã (1927), Mira (1932),
Oliveira do Hospital (1935), Penacova (s.d.), Penela (s.d.), São Pedro de Alva
(s.d.), Soure (1934) e Vila Nova de Oliveirinha (1941); f) Évora: Estremoz
(1941), Évora (1933), Évora – Regimento de Artilharia Ligeira 3 (s.d.), Montemor
o Novo (1923), Reguengos de Monsaraz (s.d.) e Vendas Novas (1927); g) Faro:
Lagos (1940) e Tavira (1933); h)Guarda: Almeida (1940), Guarda (1940), Pinhel
(1922) e Vila Nova de Foz Coa (s.d.); i) Leiria: Batalha (1921), Caldas da
Rainha (na Escola de Sargentos do Exército, 1953), Cortes (1919, o mais antigo
em Portugal, de acordo com os registos das datas indicados), Leiria (1929),
Marinha Grande (1935), Monte Redondo (s.d.) e São Mamede (s.d.); j) Lisboa:
Alenquer (1959), Arruda dos Vinhos (1929), Cascais (1925), Lisboa (1931),
Lisboa – Alto de S. João (1929), Lisboa (Regimento de Artilharia Ligeira
(1987), Lisboa – Regimento de Engenharia 1 (s.d.), Loures (1929), Oeiras (1940)
e Sintra (1940); k) Portalegre: Elvas (1938) e Portalegre (1935); l) Porto:
Marco de Canavezes (1927), Penafiel (1927), Porto (1928), Póvoa de Varzim
(1933), Vila do Conde (1932) e Vila Nova de Gaia (1925); m) Santarém: Abrantes
(1940), Cartaxo (1922), Mação (1938), Santarém (1932), Tancos – Escola Prática
de Engenharia (s.d.), Tomar (1932), Torres Novas (1927) e Vila Nova da
Barquinha (1936); n) Setúbal: Palmela (2012, o mais recente memorial em
homenagem aos mortos da Grande Guerra, particularmente aos naturais do concelho),
Seixal (1934) e Setúbal (1931); o) Viana do Castelo: Valença (1951) e Viana do
Castelo (1922); p) Vila Real: Chaves (1922), Mondim de Basto (1930) e Vila Real
(s.d.); q) Viseu: Lamego (1932), Tondela (s.d.) e Viseu (1928); r) Açores:
Ponta Delgada (1936) e Vila do Porto (1929); s) Madeira: Funchal (1936). Na
Figueira da Foz, consta ainda o monumento a António Gonçalves Curado, o
primeiro soldado português a morrer na Flandres. A lista é ainda completada com
os monumentos portugueses no estrangeiro: a) Angola: Gabela (s.d.), Luanda
(1934), Luena (s.d.) e Môngoa (s.d.); b) França: Ambleteuse (1919, com a
indicação de ser o “primeiro monumento erguido no mundo em memória dos
combatentes da Grande Guerra”, iniciativa da Cruz Vermelha Portuguesa em 30 de
Junho de 1919), La Couture (1928) e Richebourg – L’Avoué (dois, s.d.); c) Macau
(1938); d) Moçambique: Maputo (1929) e Mecula (s.d.).
A lista dos monumentos alusivos aos combatentes do Ultramar
compreende os seguintes, grande parte deles erigidos no século XXI: a) Aveiro:
Anadia (sem data), Antes (2009), Arouca (2010), Castelo de Paiva (2000), Dornelas
(2009), Ílhavo (2008), Oliveira de Azeméis (2001), Oliveira do Bairro (2005) e
Sever do Vouga (s.d.); b) Beja: Beja (2009), Castro Verde (2002 e 2011), Cuba (1997),
Mértola (2013), Moura (2010) e São Teotónio (2011); c) Braga: Barcelos –
Oliveira (2008), Cabeceiras de Basto (2005), Esposende (2011), Esposende –
Antas (s.d.), Fafe (2005) e Louredo (2013); d) Bragança: Bragança (2004),
Mirandela (2006) e Torre de Moncorvo (2013); e) Castelo Branco: Belmonte
(2005), Orjais (2008), Penamacor (2011), Silvares (1976), Teixoso (2008),
Tortosendo (2002), Unhais da Serra (s.d.) e Vila Velha de Ródão (2008); f)
Coimbra: Arganil (2004), Cantanhede (2005), Carapinha (2010), Coimbra (1971),
Cordinhã (2009), Covas (s.d.), Figueira da Foz (2009), Góis (2005), Midões
(2008), Pomares (2006) e Tábua (2007); g) Évora: Borba (2007), Mora (2010) e
Reguengos de Monsaraz (2001); h) Faro: Albufeira (2008), Faro (2009), Lagoa
(1993), Olhão (2013) e Vila Real de Santo António (2011); i) Guarda: Aguiar da
Beira (s.d.), Forninhos (2011) Freixo (2012), Gouveia (2011), Guarda (s.d.),
Horta do Douro (2012), Manteigas (2007), Mêda (2004), Sabugal (2012), Santo
Estêvão (2012), Seia (2008), Seixas (2012), Vale de Espinho (s.d.) e Vila Nova
de Foz Coa (2011); j) Leiria: A-do-Barbas (2009), Abiul (2012), Alcobaça (2001),
Almoinha Grande (2004), Alvados (2013), Alvorninha (2013), Arrimal (2012),
Atouguia da Baleia (2009), Bajouca (2012), Barreira (2010), Benedita (2010),
Burinhosa (1988), Leiria (1966 e 2009), Maiorga (1973), Marinha Grande (1965),
Marrazes (2011), Moita (s.d.), Monte Real (2013), Ortigosa (2010), Pataias
(2005), Pedrógão Grande (s.d.), Pombal (2006), Reguengo do Fetal (s.d.), Santa
Catarina da Serra (2012), São Martinho do Porto (2009) e Souto da Carpalhosa
(2009); k) Lisboa: Aveiras de Cima (2002), Azambuja (1973), Azueira (2011), Cadaval
(2013), Carnaxide (1972), Cascais (1972), Covas de Ferro (2013), Encarnação
(2002), Igreja Nova (2009), Lisboa (1994), Lisboa – Regimento de Lanceiros
(1987), Lisboa – Regimento de Transportes (1987), Lourinhã (2005), Mafra (1988),
Moledo (2005), Oeiras (1997) e Torres Vedras (2003); l) Portalegre: Elvas
(2008), Gavião (2009), Sousel (1964) e Vila Boim (2009); m) Porto: Águas Santas
(2005), Amarante (s.d.), Arcozelo (s.d.), Ermesinde (2009), Fânzeres (1971 e
2008), Felgueiras (2009), Freamunde (s.d.), Lavra (2009), Lixa (2009), Lousada
(2008), Marco de Canavezes (2005), Matosinhos (2011), Paranhos (2010), Paredes
(2009), Santo Tirso (2002), Senhora da Hora (2013), Vila Chã (s.d.), Vila do
Conde (2010) e Vila Meã (2012); n) Santarém: Almeirim (2009), Arronquelas
(2009), Chamusca (1982), Entroncamento (2005), Fátima (1997), Glória do
Ribatejo (2013), Lapa (2011), Mação (2009), Malaqueijo (2013), Marinhais
(2008), Ourém (1991), Rio Maior (2005), Tancos (1968), Tomar – Regimento de
Infantaria 15 (s.d.), Rodrigos (1974) e S. Sebastião (2013); o) Setúbal:
Alcácer do Sal (2013), Pinhal Novo (2012) e Sesimbra (2008); p) Viana do
Castelo: Barroselas (2001), Monção (2008 e 2012), Vila Nova de Cerveira (2008)
e Vila Praia de Âncora (2009); q) Vila Real: Chaves – Regimento de Infantaria (s.d.),
Mondim de Basto (2001), Montalegre (2005), Ribeira de Pena (2009), Sanfins do
Douro (2005), Valpaços (2011) e Vila Real (2000); s) Viseu: Beijós (2008),
Campia (1999), Canas de Senhorim (2009), Currelos (2007), Mangualde (2010),
Nagosela (2012), Penedono (2011), Repeses (2001), Santa Comba Dão (2010),
Santar (2005), Tondela (2002) e Vila Chã da Beira (1966); t) Açores: Angra do
Heroísmo (2000), Horta (2005), Lagoa (2004), Lajes do Pico (2007), Madalena do
Pico (2011), Ponta Delgada (2005), Praia da Vitória (1997), Santa Cruz da
Graciosa (2010), S. Mateus da Calheta (2001), S. Roque do Pico (2005), Terra
Chã (2004) e Vila Nova do Corvo (2004); u) Madeira: Funchal (2003), Machico
(2013) e S. Vicente (2013). A lista é ainda preenchida com os monumentos
portugueses no estrangeiro: a) Bósnia; b) Canadá: Toronto (2010), Winnipeg
(2009); c) Estados Unidos: Lowell (2000). O monumento mais antigo será, em concordância com as
datas fornecidas, o de Sousel, de 1964; no ano de 2013, várias localidades
foram contempladas com um monumento em memória dos Mortos do Ultramar.
O livro fecha com a força da palavra memória, fotografada a partir de uma inscrição e registada na contracapa: "À memória de todos os soldados que morreram ao serviço de Portugal".