terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Natal, lendo Fernando Aires


Tenho andado a ler o primeiro volume de Era uma vez o tempo (Ponta Delgada: Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1988), o diário de Fernando Aires, um magnífico marco de escrita autobiográfica, sensível, intimista, humano. E dou por mim a chegar ao registo da "véspera de Natal" de 1985 (o dia de hoje de há 28 anos) num apontamento que transcrevo:

«Amanhã nasce o Homem, o tal que veio calado e pobre e que só falou pouco antes de morrer. Não deixou nada escrito de sua mão, nenhum testamento em letra de forma. O que sabemos dele é por outros - e não há dúvida que tocou esses outros, pois que o guardaram no côncavo da memória.
A partir daqui, os olhares lançados para outros olhares (apesar de tudo) nimbaram-se de outras promessas - independentemente do pró ou do contra que se é. Alguma coisa mexeu por dentro, pois que se pressentiu que havia uma nova maneira de amar.»

Boas Festas! Bom Natal!

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