O livro da candidatura da Arrábida a património da
Humanidade está, desde há dias, ao dispor do público, em edição da Associação
de Municípios da Região de Setúbal (Arrábida.
Setúbal: AMRS, 2013). Em cerca de 230 páginas, recheadas com muitas fotografias,
a obra alberga o processo de candidatura da Arrábida, assente em variadas
facetas, porque, como é dito logo a abrir, “o espírito deste lugar, a sua alma,
reside nesta união orgânica, reflectida na sua paisagem, de geologia e clima,
de paleontologia e iconografia, de flora e fauna, de espeleologia e
religiosidade, de património edificado e imaterial, de lendas e tradições”,
tudo fazendo dele “um lugar de fronteira e de mistério, de memória e de herança”.
Se outra vantagem não existisse, esta chamada de
atenção sobre a Arrábida bastaria para um olhar atento sobre o património que
nos rodeia e de que somos feitos. É essa ideia que Alfredo Monteiro, Presidente
do Conselho Directivo da AMRS, defende na nota de abertura: “o nosso
conhecimento do Bem é hoje mais profundo e actualizado, mais rigoroso e
ajustado, fazendo jus à excepcionalidade dos valores que a Arrábida contém”.
A obra organiza-se em três partes: “identificação do
Bem”, “Património Natural” (paisagem, geologia, clima, vegetação, fauna
terrestre, parque marinho) e “Património Cultural” (património arqueológico,
património edificado, património imaterial). Na prática, num complexo que ocupa
uma extensão de 35 km por uma largura de 6 km, entre Setúbal e o Espichel, a
Arrábida revela-se em 85 valores encontrados (42 do património natural, 38 do
património cultural e 5 do património imaterial) e a fundamentação para o seu
elevado valor para a Humanidade vive com as justificações de textos científicos,
como os de Orlando Ribeiro ou José Gomes Pedro, e de textos literários, como os
de Torga, Arronches Junqueiro, Sebastião da Gama, Camões ou Saramago, entre
outros.
Apesar de esta obra ser a apresentação de um projecto,
ela constitui uma mais-valia no conhecimento da Arrábida, indispensável para a
bibliografia e para o saber sobre a serra que nos fascina e nos convoca, essa “varanda
de ver o mundo”, como lhe chamou o poeta setubalense Miguel de Castro.
A
propósito do lançamento desta obra, feito no Convento da Arrábida, em 18 de
Julho, é de toda a justiça louvar o grupo de teatro “O Bando” pela
representação com que este acto foi ilustrado. “Al-Rabita” se intitulava a
dramatização que, em torno da figura feminina da Arrábida, mostrou o quão
importante do ponto de vista cultural a serra é, navegando sobre textos vários
de carácter científico e de cunho literário, em que marcaram presença nomes tão
diversos como Alexandre Herculano, Sebastião da Gama ou José Saramago.
Excelente este trabalho, a merecer também divulgação, devido à encenação de
João Brites, à música de Jorge Salgueiro e aos actores Guilherme Noronha, João
Neca, Paula Só, Raul Atalaia e Sara de Castro e a toda a equipa do “Bando” que
para “Al-Rabita” trabalhou.
Sem comentários:
Enviar um comentário