quarta-feira, 31 de julho de 2013

Arrábida - O livro da candidatura a património da Humanidade



O livro da candidatura da Arrábida a património da Humanidade está, desde há dias, ao dispor do público, em edição da Associação de Municípios da Região de Setúbal (Arrábida. Setúbal: AMRS, 2013). Em cerca de 230 páginas, recheadas com muitas fotografias, a obra alberga o processo de candidatura da Arrábida, assente em variadas facetas, porque, como é dito logo a abrir, “o espírito deste lugar, a sua alma, reside nesta união orgânica, reflectida na sua paisagem, de geologia e clima, de paleontologia e iconografia, de flora e fauna, de espeleologia e religiosidade, de património edificado e imaterial, de lendas e tradições”, tudo fazendo dele “um lugar de fronteira e de mistério, de memória e de herança”.
Se outra vantagem não existisse, esta chamada de atenção sobre a Arrábida bastaria para um olhar atento sobre o património que nos rodeia e de que somos feitos. É essa ideia que Alfredo Monteiro, Presidente do Conselho Directivo da AMRS, defende na nota de abertura: “o nosso conhecimento do Bem é hoje mais profundo e actualizado, mais rigoroso e ajustado, fazendo jus à excepcionalidade dos valores que a Arrábida contém”.
A obra organiza-se em três partes: “identificação do Bem”, “Património Natural” (paisagem, geologia, clima, vegetação, fauna terrestre, parque marinho) e “Património Cultural” (património arqueológico, património edificado, património imaterial). Na prática, num complexo que ocupa uma extensão de 35 km por uma largura de 6 km, entre Setúbal e o Espichel, a Arrábida revela-se em 85 valores encontrados (42 do património natural, 38 do património cultural e 5 do património imaterial) e a fundamentação para o seu elevado valor para a Humanidade vive com as justificações de textos científicos, como os de Orlando Ribeiro ou José Gomes Pedro, e de textos literários, como os de Torga, Arronches Junqueiro, Sebastião da Gama, Camões ou Saramago, entre outros.
Apesar de esta obra ser a apresentação de um projecto, ela constitui uma mais-valia no conhecimento da Arrábida, indispensável para a bibliografia e para o saber sobre a serra que nos fascina e nos convoca, essa “varanda de ver o mundo”, como lhe chamou o poeta setubalense Miguel de Castro.
A propósito do lançamento desta obra, feito no Convento da Arrábida, em 18 de Julho, é de toda a justiça louvar o grupo de teatro “O Bando” pela representação com que este acto foi ilustrado. “Al-Rabita” se intitulava a dramatização que, em torno da figura feminina da Arrábida, mostrou o quão importante do ponto de vista cultural a serra é, navegando sobre textos vários de carácter científico e de cunho literário, em que marcaram presença nomes tão diversos como Alexandre Herculano, Sebastião da Gama ou José Saramago. Excelente este trabalho, a merecer também divulgação, devido à encenação de João Brites, à música de Jorge Salgueiro e aos actores Guilherme Noronha, João Neca, Paula Só, Raul Atalaia e Sara de Castro e a toda a equipa do “Bando” que para “Al-Rabita” trabalhou.

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