sábado, 27 de julho de 2013

Anita Vilar: mulheres da história de Setúbal



Oito anos foi o tempo que Anita Vilar levou a preparar a obra recentemente apresentada, Panorama de uma história local no feminino (Setúbal: Centro de Estudos Bocageanos, 2013), livro organizado em jeito de dicionário, biografando 74 mulheres que estiveram ligadas à história de Setúbal.
O trabalho não terá sido fácil, referindo a autora a sua principal dificuldade: “os arquivos, desvalorizando os contributos femininos, não registavam dados pessoais tais como o local e data de nascimento e a profissão (…), sendo muitas vezes a mulher, a mãe de”. Daí também a cautela com que a autora apresenta este trabalho, afirmando não estar concluído, pois, além de ser o primeiro levantamento exaustivo do género, ressaltou também a dificuldade da impossibilidade de “obter todos os dados biográficos referentes a algumas mulheres”, obstáculo que não condicionou a decisão de, mesmo assim, no livro constarem nomes com uma biografia de conjectura ou de dúvidas, honestamente assinaladas.
As biografadas abrangem um longo período da história sadina, desde o século XV até à actualidade, e foi critério referir apenas nomes que já tivessem concluído o seu ciclo de vida: no século XV, contam-se os percursos de Justa Rodrigues Pereira e de Maria da Pipa; no século XVI, visita-se Margarida Dias e Leonor de S. João; no século XVII, conhece-se Beatriz Gonçalves, Maria Guadalupe de Lencastre e Ângela Maria; no século XVIII, é o encontro com Mariana du Bocage, Cecília Rosa de Aguiar, Isabel Ifigénia de Aguiar, Ana Maria do Amor Divino e Luísa Todi; no século XIX, o que mais nomes conta,  cruza-se o leitor com Gertrudes Angélica de Andrade, Ana de Almeida, Maria Emília da Mota Negrão Barradas, Maria Henriqueta de Campos Valdez, Maria Adelaide Vieira, Maria de Jesus Almeida do Soveral, Maria Angélica de Andrade, Maria Amália, Hermínia Augusta Marreiros Borges Campos, Maria Baptista, Maria Amélia de Orleães, Maria Júdice da Costa, Joaquina Aurélia Baptista Guerreiro, Ana de Castro Osório, Francisca Romana Lino da Silva, Angelina Paula Mota Quintas, Ana de Broughton de Meneses Ferro Gamito, Ema Garcia Peres Grill, Raquel Elvas Mascarenhas, Maria Felicidade de Ferreira Miranda, Maria Cândida de Oliveira Parreira, Maria Augusta Ferreira de Sousa Fialho, Joaquina Rosa de Lima, Luísa Eduarda Gonçalves, Olga de Morais Sarmento, Maria Bárbara Falcão, Falcão Mercês, Mariana Torres, Laura de Jesus de Almeida, Benedita Maria, Carlota Rosa Ramos, Maria Ilda da Conceição de Oliveira, Lúcia da Encarnação Maracoto, Amélia Azevedo, Albertina Aldegundes de Moura Benício, Ária Amazonense Ferreira Ramos, Pátria Amazonense Ferreira Ramos, Alda Machado Santos, Ernestina Esteves Vieira Abreu, Cândida Marques Pascoal, Marta de Jesus da Silva Lebre, Deolinda Macedo, Eufrásia Lino da Silva, Bárbara Marques Pascoal, Ilda Stichini, Teresa Lino da Silva, Irene Augusta Faria Costa do Nascimento e Maria Campos; do século XX, são figuras como Maria Arminda Cândido Graça, Madalena da Costa Claro, Emília Rosa Colaço, Margarida Caineta, Arlete Soares Silva de Oliveira Guimarães, Oceana Rosa de Sousa Zarco, Clarinda Silva Carvalho, Maria Adelaide Miguéns Rosado Pinto, Maria Clementina da Conceição Coelho Amália, Maria Inácia Simão Godinho, Lygia Messodi Toledano Ezaguy, Susana Soveral Gomes, Maria do Rosário Fátima Almeida Santos e Maria Cecília Pereira Anjo.
Por estas cerca de sete dezenas de fichas desfilam figuras ligadas à política, à intervenção social, ao desporto, à educação, ao mundo do trabalho, às artes, algumas constando na toponímia sadina mas a maioria delas tendo uma biografia de lacunas. O trabalho que Anita Vilar nos apresenta refere essas mesmas adversidades, mas tem a vantagem histórica de ser uma primeira abordagem de conjunto, diversificada, mostrando o peso que a mulher tem tido na história local, apesar de, habitualmente, ser relegada para um plano mínimo ou para a omissão. Trata-se de uma obra útil, indispensável para a bibliografia local, a merecer consulta ou mesmo leitura integral, assim se descobrindo uma faceta importante da identidade setubalense.

1 comentário:

Anónimo disse...

Grata, meu amigo, pelas palavras que quis ter a gentileza de escrever sobre o livro Panorama de uma História Local no Feminino.

Não deixo de alimentar a ideia de que possa sair um 2 º livro sobre as muitas mulheres que há aí por descobrir com intervenção diversa em Setúbal.

Abraço

Anita