Com o Público de ontem foi posto em distribuição o primeiro volume de Guerra e Paz, de Lev Tolstoi, com ilustrações de Júlio Pomar e prefácio de António Lobo Antunes, em tradução a partir do russo devida a Nina Guerra e a Filipe Guerra.
A obra, que vai ter uma dezena de volumes e assinala o centenário da morte do escritor russo, reproduz as ilustrações que Júlio Pomar fez para uma outra edição, em 1956-1958, com a particularidade de reproduzir também os estudos que as originaram. Em nota introdutória, o ilustrador considera que este romance “é declaradamente uma obra em aberto, (…) com a desmesurada ambição de pensar o mundo, característica maior dos grandes frescos de toda a literatura.”
António Lobo Antunes, que contextualiza o aparecimento e a recepção de Guerra e Paz (publicado em folhetins entre 1865 e 1869), conclui o prefácio com afirmações poderosas, considerando-o um “livro pantagruélico, devorador, desigual, (…) uma assombrosa manifestação da grandeza do espírito humano, produto de um canibal de génio que tudo engole e transforma segundo as suas leis pessoais”. Muito mais do que um “bom” romance, Lobo Antunes defende que o leitor está perante “a viagem indispensável ao interior de nós mesmos, pela mão de uma criatura tirânica e implacável, o espelho desmesurado e frequentemente arbitrário da nossa condição”.
Uma excelente oportunidade para o leitor acompanhar as campanhas napoleónicas e um retrato da Rússia oitocentista, pois!
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